JESSÉ SOUZA

Não foi só uma cena corriqueira, mas o forte sinal do avanço de facção venezuelana

Não foi só uma cena corriqueira, mas o forte sinal do avanço de facção venezuelana Não foi só uma cena corriqueira, mas o forte sinal do avanço de facção venezuelana Não foi só uma cena corriqueira, mas o forte sinal do avanço de facção venezuelana Não foi só uma cena corriqueira, mas o forte sinal do avanço de facção venezuelana
Facção venezuelana El Tren de Aragua nasceu em 2012 dentro de presidio venezuelano (Foto: Divulgação)

Na semana passada, mais uma cena de policiais civis da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) agindo no bairro Buritis, na zona Oeste da Capital, onde uma mulher de 45 anos foi abordada ao sair de casa de bicicleta e presa por tráfico de droga. Tem se tornado corriqueira a prisão de homens e mulheres, especialmente jovens, por envolvimento com a venda de entorpecentes na Capital.

No caso da mulher presa no dia 4 passado, um fato chama a atenção: trata-se de uma pessoa sem antecedentes criminais, uma brasileira que é casada com um venezuelano que está preso desde 2023, ligado a um grupo de traficantes venezuelanos liderado pelo chefe da facção criminosa chamada El Tren de Aragua, Hector Guerrero Flores, conhecido por El Niño.

Quando o marido traficante foi preso, a mulher assumiu os negócios, conforme a polícia ficou sabendo no fim de maio, passando a vender cocaína e crack por meio de delivery usando uma bicicleta. Não se sabe ainda se ela foi pressionada a dar segmento ao tráfico praticado pelo companheiro ou se foi forçada a entrar no negócio criminoso por necessidade, uma vez que ela estava desempregada e o casal morava em um apartamento alugado.

Mas o que precisa ser destacado é o avanço do domínio da facção venezuelana Tren de Aragua em Boa Vista, com as mulheres cada vez mais cooptadas, seja fazendo frente ao tráfico ou assumindo o lugar dos maridos quando eles são presos. A questão é tão séria que essa organização criminosa venezuelana já domina alguns países da América Latina e chegou aos Estados Unidos, onde foi classificada pelo presidente Donald Trump como um grupo “narcoterrorista”.

No que pese a atuação cada vez mais forte da Polícia Civil de Roraima a fim de enfrentar o avanço do tráfico de droga dominado por essa facção internacional, a sensação que se tem é que as ações não têm sido suficientes para frear o forte domínio dessa organização criminosa, que age de forma violenta associada com uma facção brasileira que atua em todo o país.

Nascido em 2012 dentro da penitenciária venezuelana de Torocón, em poucos anos o Tren de Aragua se tornou o maior grupo criminoso do país vizinho e, também, chegou a outros países, como Colômbia, Peru e Chile, além dos EUA. Logo, é notório o poder dessa organização criminosa que apresentou um crescimento avassalador em poucos anos, chegando ao Brasil, a partir de Roraima, junto com a crise migratória venezuelana.

Logo, é imprescindível que as autoridades brasileiras estejam cientes da necessidade de frear o avanço aqui, no Estado, enquanto há tempo, sob o risco de a organização venezuelana se espalhar pelo resto do país, uma vez que o grupo criminoso venezuelano está consorciado, como parceiro de negócios, com uma das maiores facções brasileiras, o Primeiro Comando da Capital (PCC). Se os EUA enfrentam problemas com essa organização, é de se imaginar o que pode acontecer no Brasil.

No mais, enquanto as autoridades policiais tentam fazer frente aos criminosos, que são audazes e impiedosos, não hesitando em matar e desovar os corpos retalhados, a sociedade precisa também fazer sua parte, não só denunciado, mas cuidando dos jovens em casa e na escola, para impedir que sejam cooptados pelos criminosos.

Porque a mulher presa, na semana passada, era uma pessoa acima de qualquer suspeita, de família religiosa, a qual sofreu um forte impacto ao descobrir que ela foi presa sob acusação de tráfico de droga. Se pais e mães não tiverem atentos ao que ocorre com seus filhos adolescentes, para poder evitar que o pior ocorra, as autoridades não irão conseguir minar o avanço dos criminosos, cuja atuação se encaminha para se solidificar como narcoterrorismo no Brasil.

*Colunista

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