Minha Rua Fala

MINHA RUA FALA 19 04 2023 15734

PORTUGAL & BRASIL & RORAIMA – Muito mais do que um Descobrimento. __________

Uma amizade fraterna desde 1755, quando os primeiros portugueses vieram para o vale do rio Branco para construir o Forte de São Joaquim. A História começa quando o rei de Portugal Dom José I, através de Carta Régia, datada de 14 de novembro de 1752, determinou ao governador do Grão-Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado (o Barão de Parima), que construísse um Forte no vale do rio Branco, a fim de defender as terras sob o domínio português.

O início da construção aconteceu no ano de 1775, sob a coordenação do alemão, a serviço de Portugal, o engenheiro e capitão Felipe Sturm, e ele escolheu o local: às margens do rio Tacutu, próximo ao encontro com o rio Uraricoera, nas Coordenadas Geográficas: 3º 1`46´´ graus de Latitude Norte e 60º graus de Longitude Oeste. A junção das águas dos dois rios, forma o rio Branco. 

Portanto, o Forte estava em local estratégico de defesa contra os invasores espanhóis (vindos da Venezuela, pelo rio Uraricoera) que no período de 1769 a 1773, invadiram e construíram o aquartelamento no rio Uraricoera e a formação dos aldeamentos indígenas de Santa Rosa e de São João Batista de Caya-Caya ou CadaCada, no mesmo rio; assim como os invasores holandeses e ingleses (vindos pelo rio Tacutu) que negociavam com os índios e posteriormente os aprisionavam. 

A conclusão da obra do Forte se deu no ano de 1778 na gestão do Governador da Província do Maranhão-e-Grão-Pará, o Capitão-General Fernando da Costa de Athayde Teive (General Ataíde Teive, cujo nome denomina uma Avenida em Boa Vista).

Em 1779 os portugueses começaram a instalar pequenas povoações na região e a recrutar os índios macuxis do rio Essequibo na cabeceira do rio Rupununi (na Guiana) e os índios da aldeia do Lago Amacu (na Venezuela). 

Os militares do Forte traziam suas famílias e ao longo do tempo casaram entre elas. Assim, os oficiais, sargentos, cabos e soldados, permaneceram na região, constituíram família e deixaram descendentes.

O Forte teve como comandantes: Capitão Phillip Sturm (1775), Capitão Nicolau de Sá Sarmento (1787), Capitão Inácio Lopes de Magalhães (1830), Capitão Ambrósio Aires (1835), Capitão José Barros Leal (1839), Major Coelho (1842), Capitão Bento Ferreira Marques Brasil (1852) e o último o Cabo Pedro Rodrigues Pereira (1889). A Chave do outrora Portão principal do Forte São Joaquim está sob a guarda do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em Brasília. 

Neste contexto se faz necessário registrar a história do frei José dos Santos Inocentes, cujo nome original era José Batista Mardel, que veio para o vale do rio Branco para assumir a função de Capelão do Forte São Joaquim. Antes havia largado o convento em Portugal para casar-se com Maria Carmelita, em 1794. No ano seguinte, nasceu o filho do casal, Carlos Batista Mardel (o major Carlos Mardel).

E, em 1799 nasceu a filha Carmelita. Neste parto, faleceu a esposa e, consternado com a perda, José Mardel entregou o casal de filhos aos avós das crianças e voltou para o convento, consagrando-se frade, adotou o nome de Frei Jose dos Inocentes e veio para o Brasil, aportando no Pará, depois Manaus e, designado para o Forte de São Joaquim, no vale do rio Branco.

Em 1827 o seu filho, o major Carlos Batista Mardel, deixou Portugal e veio para o Brasil à sua procura e o encontrou no Forte São Joaquim. O major Carlos Mardel passou a integrar a tropa de oficiais do Forte e tempos depois se casou com a índia da etnia Tucano, a jovem Geminiana Cândida. E, desta união nasceu a filha Liberata Batista Mardel.

Em 1830 chegou um novo comandante, o capitão Inácio Lopes de Magalhães. Este, nasceu no interior Ceará, na Fazenda São Clemente de Barros, no dia 14 de maio de 1805, e era filho do casal português Domingos Alves de Magalhães e Frederica Arruda de Magalhães. 

Em 1831, o capitão Inácio Lopes de Magalhães casou-se com a jovem Liberata Batista Mardel (filha do major Carlos Mardel, e neta do frei José dos Inocentes).     Ao término do seu tempo de comando no Forte São Joaquim, o capitão Inácio Lopes de Magalhães, junto à esposa Liberata Mardel de Magalhães, instalou uma fazenda às margens do rio Branco, a qual deu o nome de: “Fazenda Boa Vista”.

Em torno desta Fazenda formou-se uma Vila, que se tornou uma Freguesia e em 1890 o lugar se tornou o Município de Boa Vista, hoje a capital do Estado de Roraima. Pena que ele não viu a sua Fazenda chegar a este estágio de desenvolvimento, pois faleceu antes em 1881.

O casal Inácio Lopes de Magalhães e Liberata Batista Mardel de Magalhães teve oito filhos: Carlos, Francisca, Alberta, Manoel, Júlia, Januário, José Lopes e Prudência (todos com o sobrenome: “Mardel de Magalhães”). Eles deram origem a tradicional “Família Magalhães” em Roraima.

    E, o sogro do capitão Inácio Magalhães, o Major Carlos Batista Mardel, após servir como militar no Forte São Joaquim, passou a dedicar-se ao comércio de mercadorias importadas de Belém do Pará e de Manaus, em demoradas viagens de barco até Boa Vista. Ele fundou sete Fazendas na região do rio Cauamé: Monte Cristo; Nova Olinda; Monte Alegre; Santa Maria; São Salvador; Caranã e Boca do Auau. E, na região do Amajari, três Fazendas: Graciosa, Monte Verde e Arapiri.

    Um dos netos do capitão Inácio Lopes de Magalhães, o Horácio Mardel de Magalhães (filho do Carlos Mardel de Magalhães e de Eliza Rodrigues Brasil), foi um dos melhores práticos de navegação, conduzindo pessoas e mercadorias no percurso: Boa Vista-Manaus-Boa Vista, na Lancha/Barco “Ajuricaba”, de propriedade do coronel Bento Brasil. 

O Horácio Mardel de Magalhães casou-se com Olindina Lopes e, desta união nasceram os filhos: Raimundo Carlos, Hélio do Carmo, Haydé Brasil, Aór de Magalhães, Deise e Maria Sebastiana.

Horácio Mardel de Magalhães nasceu no dia 07/05/1886 e faleceu no dia 18/12/1988, aos 102 anos de idade.

COMUNIDADE PORTUGUESA EM RORAIMA

No dia 05 de abril de 2018, em Boa Vista, foi fundada por um grupo de Portugueses residentes em Roraima, a “Comunidade Portuguesa Forte São Joaquim”, nome que homenageia os primeiro
s portugueses (militares e seus familiares) que vieram servir no Forte e hoje os seus descendentes servem ao Estado, trabalhando e participando do desenvolvimento socioeconômico de Roraima. 

Na ocasião da solenidade de fundação, estavam presentes o vice-cônsul de Portugal (sediado em Belém do Pará), o Dr. Francisco Brandão, e o Consul honorário de Portugal, sediado em Manaus/AM, o Dr. José Azevedo, além de outras autoridades convidadas para o evento oficial. 

A Comunidade Portuguesa em Roraima criou em 2018, a efeméride do “Dia do Forte São Joaquim”, que passou a ser comemorado no primeiro dia do mês de setembro de cada ano. Trata-se de um evento cívico-militar e, nesta data, são feitas apresentações culturais sobre a História do Forte e as realizações da Comunidade Portuguesa no ano. Atualmente a Comunidade conta com 128 portugueses natos e mais de 400 famílias de Luso-Descendentes (descendentes de portugueses) em Roraima.

O Presidente da Comunidade Portuguesa em Roraima é o Senhor Paulo Inácio e a vice-presidente é a Senhora Maria Ângela. 

O atual Embaixador de Portugal no Brasil é o Dr. Luís Faro Ramos.

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