AFONSO RODRIGUES

Amar com respeito

“O mor introduz a familiaridade, e na medida em que ela entra, a estima sai. Vale mais ser amado com respeito do que com ternura. Esse é o amor que os grandes homens requerem”. (Baltazar Gracian)

Na onda contrária à racionalidade, percebemos que estamos evoluindo bastante, mas escorregando aqui e acolá, nas veredas racionais. Se se prestar bem atenção ao comportamento das crianças de hoje, veremos que estamos confundidos. As crianças sempre vieram no seu grau de evolução. O problema é que elas não tiveram, ontem, a mesma liberdade que têm hoje. E é aí que a giripoca pia. Há pessoas que estão confundindo sem perceber que estão exagerando na aceitação. E o cadinho está sendo usado sem racionalidade. Ontem assisti a um exemplo notável de como devemos receber e aceitar o desenvolvimento racional nas crianças, hoje. Estávamos no supermercado, quando um cidadão passou por mim, segurando a mão de um garotinho que não devia ter mais de cinco aninhos de idade. O cidadão falou sobre alguma coisa, para a criança. De uma maneira maravilhosamente civilizada, a criança contestou:

– Não é não, pai. Se o senhor prestar atenção, ela não ….

Infelizmente, por conta do movimento no mercado, não deu para eu ouvir o resto da conversa, mas ela continuou pacifica e civilizada. Estávamos caminhando em linhas contrárias, aí parei, virei-me e acompanhei o comportamento dos dois, na conversa civilizada e educativa.

Tenho observado muito o comportamento das famílias, nas conversas com os filhos. Infelizmente tenho notado que muitos pais continuam tentando educar nos mesmos métodos em que foram educados. Tenho ouvido muitos gritos quando os nãos deveriam estar, mas com civilidade e respeito. Porque eles estão em um processo de formação com amor e muito respeito. Alguém já disse que do primeiro ano de idade até a idade adulta, a pessoa ouve cem mil vezes a palavra não. Acho até que é um número insignificante. Pelo que ouço no dia a dia, o número vai muito além. Mas tudo bem, o importante é que saibamos distinguir, ao perceber onde está o negativo. Porque nem todo não é negativo. O importante é que saibamos aplicá-lo. E aquele garotinho, no supermercado nos deu um exemplo excelente de como usamos o não positivo.

Vamos, como adultos, observar mais o que continua válido na educação familiar que recebemos em nossa infância. Nada foi negativo, apenas insuficiente para o grau de evolução racional em que estamos, atualmente. A palmatória foi válida para o nível evolutivo de sua época. E assim como ela, o grito e o palavrão devem ser banidos e esquecidos, no mor com respeito. Pense nisso.

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