É de conhecimento de todos que há tempos não se trata mais apenas de futebol, especialmente neste momento em que as chamadas Bets tomaram conta do cenário e patrocinam os grandes clubes de futebol, atletas e emissoras de TV que transmitem campeonatos de futebol. “Bets” é a palavra em inglês para “aposta”. No Brasil, é significado das plataformas de apostas online que têm sido notícia na imprensa brasileira em virtude dos depoimentos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets no Senado.
Em outra ponta, a disputa para comandar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que é a maior entidade que lidera a prática esportiva de futebol do país, se tornou uma grande polêmica criada pelas maiores emissoras televisivas que controlam as transmissões dos campeonatos brasileiros e da América do Sul. É uma briga de cachorro grande que foi comprada pelos dirigentes esportivos das regiões Norte e Nordeste, historicamente preteridas no comando do futebol brasileiro.
Eles ungiram o médico roraimense Samir Xaud, presidente da Federação Roraimense de Futebol (FRF), com apoio maciço para a Presidência da CBF, que ocorrerá no próximo domingo, 26, quando será confirmada a eleição de Xaud em chapa única, a qual conta com apoio formal de 25 das 27 federações estaduais e de 10 clubes das Séries A e B. Vale ressaltar que cinco dos oito vices nessa chapa são das regiões Norte e Nordeste – isso só para lembrar do que tem incomodado os poderosos do futebol brasileiro.
Como se trata de um levante regional que mexe com a maior entidade do futebol brasileiro, não seria estranho que a grande imprensa sediada nas regiões Sul e Sudeste ficasse no encalço do dirigente roraimense, prestes a assumir a Presidência da CBF. Xaud é filho de Zeca Xaud, que por 40 anos foi presidente da FRF, sendo seu sucessor. A imprensa foi pautada para escancarar a vida do novo dirigente e de seu núcleo familiar. E acabaram achando conexão com política e operações policiais.
O jornal carioca O Globo logo escancarou a sociedade da empresa de Samir Xaud, a Life Ftiness, um centro de treinamento voltado ao fitness e bem-estar em Boa Vista, que tem como sócia a empresária Simone Bekel, que em 2018 foi alvo da Operação Escuridão da Polícia Federal, junto com o marido, o então recém-eleito deputado estadual Renan Bekel Filho, na investigação sobre um suposto esquema de fraudes em contratos para fornecer alimentação em presídios e unidades de saúde. Depois, o parlamentar acabou sendo cassado por compra de votos.
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O jornal carioca ainda citou duas irmãs de Xaud, sendo que uma delas era assessora do senador Chico Rodrigues, aquele do caso dos R$ 33 mil na cueca durante operação da PF em 2020, a qual é casada com o ex-deputado Jean Frank Lobato, apontado na investigação como suposto operador do senador, que envolvia recursos do Distrito Sanitário Yanomami. A outra irmã é casada com outro empresário dono de uma empresa que, durante a pandemia, foi contratada pela Secretaria Estadual de Saúde para fornecimento de testes rápidos, empresa esta alvo da Operação Desvid-19, sob suspeita de compra superfaturada em cerca de R$ 1 milhão.
Por coincidência, depois de toda essa repercussão em torno do nome e familiares do médico roraimense que encarou os cartolas do futebol brasileiro, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu guardar o pendrive com imagens gravadas pela PF, durante busca e apreensão do senador Chico Rodrigues, no caso do dinheiro na cueca em outubro de 2020. Como relator do caso, o ministro entende que o pedrive com “imagens sensíveis” deveria ficar guardado na Corte.
Então, como já sabemos que não se trata apenas de futebol, é esperar pelas cenas dos próximos capítulos até domingo…
*Colunista
