JESSÉ SOUZA

Letalidade no trânsito requer medidas urgentes por parte das autoridades

Colegas de trabalho fizeram homenagem durante enterro de técnico em comunicações (Imagem: Reprodução)

Enquanto faltam políticas públicas voltadas para a segurança no trânsito, rotineiramente os acidentes com vítimas fatais continuam na Capital e no interior de Roraima. A última semana de julho foi marcada por casos de grande repercussão e os primeiros dias de agosto já registram novos acidentes com mortes. A imprudência e a imperícia são os principais motivos na maioria das ocorrências.

Um dos casos que comoveu a população ocorreu no dia 29 de julho, o qual teve como vítima fatal um técnico em telecomunicações que estava trabalhando no cruzamento das  avenidas Rui Baraúna e Manoel Rodrigo da Cruz, no bairro União, quando dois carros se colidiram após um dos condutores invadir a preferencial, em que um dos veículos capotou e atingiu o trabalhador, provocando morte imediata.

Apesar de o local ser sinalizado, a imprudência e a desatenção têm provocado acidentes constantes naquele local, o que significa que apenas a instalação de um semáforo poderá resolver o problema. Em vários cruzamentos em pontos de tráfego intenso a alternativa tem sido instalar quebra-molas e rotatórias, o que obriga os condutores a reduzirem a velocidade, a exemplo do que ocorreu em avenidas no bairro São Vicente.

Em outras avenidas de grande movimentação a saída foi instalar os chamados “pardais”, que é o nome popular dos radares de velocidade fixos que monitoram os veículos e registram infrações por meio de câmeras. Somos uma cidade “sitiada” por radares e quebra-molas, os quais se tornaram os símbolos da imprudência e da falta de educação no trânsito boa-vistense. Não fosse isso, a situação estaria bem pior.

A letalidade no trânsito é apontada nas estatísticas, cuja maioria das vítimas no Estão é motociclista, com 25 mortes de janeiro a maio deste ano do total de 66 pessoas que morreram em acidentes de trânsito, conforme divulgado pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Desse total, 12% envolveram pedestres. É uma guerrilha urbana diária que exige respostas imediatas por parte das autoridades.

Com essa violência gratuita no trânsito, a população não tem mais nenhum motivo para reclamar de “pardais”, que começaram a fazer parte da rotina dos condutores. Anos atrás, o início da instalação desses radares fixos foi motivo de polêmica, cuja iniciativa era chada de “indústria da multa”, inclusive por parte de vereadores, que iam para mídia para criticar de forma contundente.

Atualmente, esses radares se tornaram essenciais para controlar o excesso de velocidade, mostrando que somente o rigor na fiscalização é capaz de intimidar os transgressores. Ainda assim, muitos roraimenses seguem na imprudência e na irresponsabilidade, a ponto de no início do ano ter sido registrado o número de 45 mil condutores dirigindo com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) vencida.

As faixas de pedestres, que antes era motivo de orgulho dos boa-vistenses quando os condutores paravam para o pedestre atravessar, hoje se tornaram exemplos de desrespeito. Até os condutores que respeitam essa sinalização temem ser atingidos pelos imprudentes, fato este que se torna mais um motivo para que as autoridades adotem medidas eficazes não só de prevenção, mas também de fiscalização rigorosa e autuação dos irresponsáveis.

A morte do técnico em comunicação chamou a atenção por reunir em um único acidente um condutor não habilitado, que teve um carro alugado cedido por terceiros, o qual desrespeitou uma das regras mais básicas de segurança no trânsito, que era obedecer a uma placa de PARE, imprudência esta que custou a vida de um trabalhador que pensava estar seguro no meio-fio.

Essa e outras mortes não podem ficar impunes e requerem das autoridades medidas austeras e urgentes para frear a letalidade no trânsito, já que a população há tempos mostra que não quer ser educada nem conscientizada.  

 *Colunista

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