No início deste ano senti saudade e falta, de minha família em São Paulo. Peguei na mão da dona Salete e nos mandamos. No dia seguinte já estávamos na Praia de Caraguatatuba, litoral de São Paulo. É naquele condomínio que se encontra a família saudosa. Minha irmã queridíssima, Zilda, suas quatro filhas, todas com famílias construídas e uma porção de amigos e parentes. Minha filha, Helena, e suas duas filhas, Camila e Nayra, saíram do Rio de Janeiro e foram passar uns dias conosco, na Praia de Caraguatatuba. Foi um início de ano que não devemos esquecer e manter na lembrança por toda a vida. Mas não foi isso que me trouce a esse papo. Tudo partiu de um papo da Salete sobre meu daltonismo. E foi aí que comecei a sorrir, lembrando-me de uma ocorrência simples, singela, mas que sempre me faz sorrir. Em 2010, em Brasília, encontrei-me com o Escritor Affonso Romano de Sant´Anna. Numa conversinha corriqueira, ele falou sobre seu daltonismo. E quando lhe falei do meu, ele falou de como treinou para diminuir o daltonismo. E de volta a Roraima, iniciei os exercícios. Deu certo pra dedéu. Mas, nem tanto.

Já na Praia de Caraguatatuba, certa manhã o Ricardo esposo da Teresinha, saía para umas compras no supermercado. Aproveitei e saí com ele para comprar um par de chinelos pra mim. Entramos no supermercado e ele iniciou as compras. Enquanto isso eu fui até a prateleira de calçados e retirei meus chinelos. Fui até o caixa, fiz o pagamento. Quando o Ricardo pagou as compras dele, juntei a minha e voltamos para casa. Já em casa, enquanto o pessoal retirava o material das sacolas eu conversava com a Zilda. E foi aí que desconfiei de alguma coisa. Olhei e vi o Ricardo cochichando ao ouvido da Terezinha e olhando para mim. Fingi não perceber e saí de mansinho. Quando olhei para lá, ele estava pegando meu para de chinelos, e saindo às pressas para o carro. Fiquei ansioso, mas, na minha. Fiquei esperando o resultado estranho. Logo mais o Ricardo chegou, sorriu e me mostrou os chinelos trocados e falou alegre:

– Pronto, Seu Afonso… troquei os chinelos. Porque os que o Senhor trouce eram cor-de-rosa e não iriam servir pro senhor.

E ainda bem que o caso provocou muito riso até que a Salete os alertou, dizendo que eu era daltônico. A coisa acalmou, e o par de chinelos pretos, que ele trocou era realmente preto e é este que está aqui nos meus pés. E você até pode pensar que isso é ridículo, mas não é. Se você se lembrar sempre de momentos simples, você será sempre feliz. Pense nisso.

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