Ontem acordei com saudade dos bons momentos vividos com minha chegada a Roraima. Foi legal pra dedéu. E tudo começou com a leitura de um suplemento do jornal “O Globo”, naquela manhã de domingo, de maio de 1981, no Rio de Janeiro. Fiquei encantado com o que li no jornal. Ele dizia que emas e cavalos selvagens corriam pelo lavrado do Bonfim. Aquilo mexeu com minha cabeça de tal forma, que pouco tempo depois eu cheguei ao Bonfim. O problema foi que não tinha emas nem cavalos selvagens. E dois dias depois eu já estava em Boa Vista. E tudo começou por aqui. Menos de um ano depois, eu estava instalado em um lote na Confiança I, no Cantá. E graças à amizade que fiz com boa parte dos gaúchos que chegavam a Roraima, instalei-me em um tapiri que me foi dado pelo meu amigo Lauro Welter. O cara que, decepcionado, descobriu que eu plantei pepino, pensando que fosse melão. Mas, mesmo assim sem entender nada, nem de pepino nem de melão, instalei-me com toda minha família na Confiança I, em quatro lotes, ocupados pelos meus filhos.

Foi assim que iniciamos nossas vidas em Boa vista. E tudo deu certo, pela dedicação, carinho e respeito, pela batalha pacífica que encaramos e vencemos com coragem e otimismo. Não éramos agricultores, mas fizemos um trabalho digno de respeito. E por isso somos respeitados, na medica em que respeitamos. Se você já leu o meu livro, “O Caçador de Marimbondos”, tem uma ideia do quanto caminhamos para chegar onde estamos. A pesar dos trancos que encaramos até hoje, para vencer questões aparentemente insignificantes, mas que não desistiremos. O importante é ir em frente e buscar os frutos que plantamos com nossa dedicação pelas terras que conseguimos com dignidade e respeito. Continuamos instalados em parte que se livrou de invasões.

Minha família, não tão pequena assim, está quase toda em Boa Vista, onde vive muito feliz. Apenas três pessoas da família vivem no Rio de Janeiro. Uma filha e suas duas filhas, maravilhosas. Falei muito e esqueci-me de contar o “causo” do pepino confundido com melão”. Depois falarei sobre isso. Nada interessante, mas parte valiosa de minhas experiencias com a agricultura. Um dia qualquer falarei isso pra você, prometo. E como falar sobre Roraima sempre é importante, talvez eu venha a reeditar o “Caçador de Marimbondos”. Temos uns casos bem interessantes sobre nossa experiência na Terra que amo de verdade. “Boa Vista dos Meus Amores”. De todos os amores dos que devem amá-la de fato e de direito. Pense nisso.

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