Jessé Souza

Infancia negligenciada 05 12 2014 360

Infancia negligenciada 05 12 2014 360 Infancia negligenciada 05 12 2014 360 Infancia negligenciada 05 12 2014 360 Infancia negligenciada 05 12 2014 360
Infância negligenciada Jessé Souza* A Prefeitura de Boa Vista se orgulha, feito pavão, do Projeto Crescer, que tem a finalidade de ressocializar jovens e adolescentes infratores e membros de galera. Tanto que patrocinou uma matéria de elogio ao programa em um jornal paulista de grande circulação. Sim, é importante que a sociedade resgate esses jovens que já foram punidos desde o nascimento, mas não só isso. Antes de tudo, é necessário, mais que recuperar essa parcela da população envolvida com galeras, é cuidar das crianças para que elas não conheçam cedo a permissividade das ruas e se tornem delinquentes, depois passem a ser membros de galera e se tornem um bandido adulto a engrossar as estatísticas policiais e do sistema prisional falido. A Prefeitura nunca deu prioridade para a educação infantil, negligenciando essa parcela importante da população, largada a uma disputa desigual e desumana dos pais em busca de uma vaga nas creches, rebatizadas por aqui de Casas Mãe, a cada fim de ano. Como as famílias assalariadas não têm condições de pagar uma creche privada para seus pequenos, então a saída é deixar as crianças em casa, sozinhas. Geralmente as crianças pequenas fiam sob os cuidados das crianças maiores, obrigadas a agirem com responsabilidade de adultas desde muito cedo. Sozinhas em casa, essas crianças estão sujeitas a abusos de adultos mal intencionados, seja da própria família e de pessoas de confiança dos pais. Ou ficam soltas, perambulando pelas ruas do bairro ou na casa de vizinhos, vulneráveis a qualquer situação. É só andar pelos bairros mais afastados do Centro para ver essa legião de criança na ociosidade. É este descaso das autoridades municipais com a infância que faz surgir os “projetos de delinquentes”, ou seja, crianças vulneráveis que encontram na ociosidade o caminho ruim da sociedade, porta aberta para surgimento de novos membros de galeras em um futuro bem próximo, logo depois da infância perdida. Enquanto a Prefeitura segue se orgulhando de estar trabalhando a “pacificação” dos membros de galeras em Boa Vista, por outro lado não há um esforço nem vontade política de combater as causas, investindo pesado na infância, e não somente os efeitos, os membros de galera. Os cidadãos boa-vistenses torcem para que o Projeto Crescer dê certo, contribuído no combate à violência e formando novos cidadãos, mas também querem a valorização devida da infância, que é a base de todo o futuro de uma sociedade. Sem creches, não há como se pensar em uma infância sadia. E uma infância sem perspectiva, doente, significa uma sociedade condenada a um futuro sombrio, incluindo o aumento da violência e da criminalidade. *Jornalista [email protected]
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