Jessé Souza

Fantasma garimpeiro 11 12 2014 382

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Fantasma garimpeiro Jessé Souza* Quando a Prefeitura de Boa Vista adotou seu novo brasão, na administração do então prefeito Iradilson Sampaio, dando destaque ao Monumento ao Garimpeiro, fui o único a criticar duramente esta decisão, pois o garimpeiro há muito tempo havia deixado de ser um símbolo de orgulho do boa-vistense e do roraimense que desejam um Estado melhor. O tempo do El Dourado ficou para trás e nos restaram as sérias consequências do garimpo. Apesar dos impactos, conseguimos recuperar boa parte do que foi destruído, e a Serra do Tepequém é este exemplo concreto do que foi e do que queremos e podemos ser. O garimpo contribuiu para desbravar as últimas fronteiras, mas seus impactos foram mais negativos do que positivos. A riqueza foi levada embora pelos traficantes de ouro e diamente. E ficamos com a migração de gente desesperada que fugiu da pobreza de suas terras, com ônus altíssimo ao meio ambiente, com a criminalidade que restou disso e uma “mentalidade garimpeira” que insiste em resistir, a de achar que devemos avançar a qualquer custo em busca de riquezas sem se preocupar com o ônus que isso nos possa causar futuramente. Vamos olhar para São Paulo. A maior metrópole da América Latina sofre com a falta de água porque seus mananciais de água potável foram agredidos ao longo de séculos, sem que houvesse uma política para cuidar dos estragos feitos. Aqui, em Roraima, embora a garimpagem manual, de maquinário ou de forma industrial esteja proibida em terras indígenas, a mineração avança sem precedentes, destruindo na Terra Yanomami os principais rios que formam o nosso Rio Branco, a principal fonte de água potável do Estado e fonte de lazer e sobrevivência de centenas de pessoas. Porém, eu não teria esse ideia extremista, sugerida por um representante da Fundação Nacional do Índio (Funai), de destruir o Monumento ao Garimpeiro em protesto contra ação garimpeira e pelo fato de a estátua fincada geograficamente no Centro de Boa Vista sugerir apologia ao crime ambiental. Minha posição é a de que o Garimpeiro fique lá, na Praça do Centro Cívico, não como símbolo de algo desejado, mas de exemplo do que já fomos e do que não queremos ser mais. O garimpo predatório, do jeito que muitos defendem, não tem mais espaço em lugar nenhum mundo. Até nossos vizinhos, Venezuela e Guiana, adotam penas severas para garimpeiros ilegais, enquanto no Brasil garimpeiros detidos (eles só vão presos se forem reincidentes) ganham até hotel de graça de deputados que abraçam a causa em troca de votos e para fazer campanha eleitoral com propagandas xiitas contra o meio ambiente. O garimpeiro nada mais é do que vítima do sistema, assim como qualquer outro brasileiro sem salário e sem formação que o garanta uma boa colocação no mercado de trabalho formal. O Brasil precisa combater a pobreza e a deficiência na educação para que o garimpeiro de bateia e bomba de sucção nas mãos se torne apenas uma lenda ou um fantasma que não nos assombre mais. *Jornalista [email protected]
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