Falando de Negócios

Falando de Negócios 05/06/2023

OS CONFLITOS ÉTICOS DAS 48 LEIS DO PODER

FAÇA-SE DE OTÁRIO PARA PEGAR OS OTÁRIOS – PAREÇA MAIS BOBO DO QUE O NORMAL

A esperteza anda lado a lado com a malandragem e a inveja. As pessoas deixam de lado o convencimento pela competência para uso de estratégias que buscam a manipulação do outro e a criação de grandes riscos nas relações e na busca de alcançar objetivos. Algumas pessoas são 100% artificiais em aparência e caráter.  

Hoje vamos tratar de uma das leis mais intrigantes, do livro “As 48 leis do poder” de Robert Grenne e que relata o mundo real com perfeita exatidão. Uma lei que expõe características ruins dos seres humanos. Arriscaria dizer que se trata da lei do: “ladrão que rouba ladrão, tem 100 anos de perdão”, pois é um processo de dissimulação constante, onde espertos querem enganar espertos ou espertos querendo enganar pessoas de boa fé e todos se passando por bobos, ou como o título da lei diz: OTÁRIOS.

Hoje vamos tratar da vigésima lei do poder e avaliar seus impactos nos princípios éticos e morais de nossa sociedade.

Lei 21: Faça-se de otário para pegar os otários – Pareça mais bobo do que o normal

Ninguém gosta de se sentir mais idiota do que o outro. O truque, portanto, é fazer com que suas vítimas se sintam espertas – e não só espertas, como também mais espertas do que você. Uma vez convencidos disso, jamais desconfiarão que você pode ter segundas intenções.

Tudo na vida terá duas ou três versões de um mesmo fato e deverão ser observadas respeitando as formas, culturas e hábitos de cada observador. Dessas três versões, apenas uma será verdadeira, mas muitas vezes é considerada a última a ser revelada de acordo com o interesse de cada observador. Quero dizer que o objetivo final de um plano ou estratégia, algumas vezes, para não dizer a maioria das vezes, usam caminhos tortuosos e nada éticos. Para alguns, atingir os objetivos está diretamente ligado a enganar os outros, a achar que todos são bestas a ponto de acreditar em mentiras construídas e vendidas como verdade.

Nos dias atuais me chama muita a atenção, uma frase que ouvi de um velho amigo que dizia o seguinte: “Em um mundo, onde a esperteza e a ganância viraram regra, a melhor malandragem está em ser honesto, pois a exceção é mais cara e diferenciada”. Trago essa afirmação comigo e a ratifico – infelizmente – todos os dias.

As pessoas vivem uma verdadeira inversão de valores. Querem vender o errado como se fosse certo e o certo como se fosse o errado, e o pior de tudo isso é ver nossa sociedade confusa e descrente em tudo, inclusive no ser humano.

Uma cultura enraizada é a de que adoramos o lucro fácil, adoramos as propostas que parecem épicas e que pulamos de cabeça, ou seja, adoramos a facilidade. Tudo isso é fruto da LEI DO MENOR ESFORÇO, que foi totalmente desvirtuada quando tratamos de resultados a partir de acordos ou negociações. Portanto, a consequência da Lei do Menor Esforço é que a tomada de decisão humana é irracional, buscando sempre preservar energia. Partindo desse princípio, o corpo humano realiza as tarefas e movimentos buscando sempre gastar a menor quantidade de energia possível; isto é um mecanismo de sobrevivência humano e quando aplicada a lei 21, entendemos claramente o uso equivocado do princípio de Hamilton ou Princípio da Mínima Ação.

É bom estar sempre com o radar ligado para identificar os oportunistas e manipuladores de plantão. Desconfie de pessoas que queiram vender “terrenos no céu”, ao invés de escolhê-los para sua morada. Desconfie de grandes “esmolas”, pois, por que dar o que tem ao invés de usar em seu favor? Desconfie das pessoas que se vendem como verdadeiros puritanos, que nada mais são do que os grandes pecadores na caçada de desatentos. “Desconfie de pessoas muito doces. Atrás de um belo pote de mel, sempre existem formigas espertas”, frase de Aguinaldo Silva.  

É importante saber que ninguém é totalmente alheio ao que acontece no mundo. Que ninguém não vê ou não percebe movimentos cruciais de pessoas em busca do alcance de seus objetivos, mesmo que isso custe a sua honra. Devemos estar atentos aos lobos vestidos de cordeiros que sabem o que querem, sabem como conseguir, mas suas regras e estratégias não são sustentáveis, o que naturalmente levará a imagem do “esperto” rumo a desgraça e descrédito da sociedade.

Essa lei pode nos levar a várias outras reflexões, como por exemplo: “jogue um peixe para atrair um tubarão”, isso enfatiza a importância de usar iscas atraentes para chamar a atenção das pessoas poderosas e influentes, mas nem sempre a estratégia funciona. A ideia é que, assim como um peixe pequeno pode atrair um tubarão, você pode usar pequenos favores, elogios ou outras formas de flerte para atrair a atenção de pessoas poderosas e influentes.

No entanto, é importante ter cuidado ao usar essa estratégia, pois se você não tiver nada valioso a oferecer, pode acabar sendo visto como uma pessoa superficial e manipuladora. Além disso, é preciso conhecer bem a pessoa que se quer atrair e entender o que é importante para ela, para que a estratégia seja realmente eficaz, mas não desleal.

Esse argumento das “iscas” pode ser muito bem-vindo, desde que as iscas tenham por base a sua competência, os seus diferenciais e não o mal caratismo e falta de ética.

Não se iluda em se achar esperto demais. Muita gente acha que está enganado alguém, mas não percebe que o outro está apenas dentro dos limites de se permitir ser enganado e, portanto, pronto a revidar sem piedade alguma.

Em resumo, a Lei 21 ensina que, para alcançar o poder, é preciso ser estratégico e usar táticas inteligentes. No entanto, é importante ter cuidado para não ser visto como um manipulador superficial e sempre conhecer bem as pessoas que se quer atrair e saber que são seres humanos como você, de carne e osso, com sentimentos, valores e sonhos que podem ser perdidos em função de decepções, enganação e o uso indevido de estratégias de aproximação.

Fechando esse nosso vigésimo primeiro artigo sobre as 48 LEIS DO PODER faria apenas algumas adaptações, baseadas nos argumentos acima apresentados:

Lei 21: Seja uma referência e as pessoas sempre se interessaram pelos seus projetos

Ninguém gosta de se sentir enganado. Esse truque, de esperteza tem vida curta. Convença as pessoas por suas referências, use estratégias que sua história e reputação cheguem as pessoas com a imagem do sucesso e de realizador, para que seu crescimento e o de seus parceiros seja sustentável e bom para todos.

Por: Weber Negreiros