Falando de Negócios

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OS CONFLITOS ÉTICOS DAS 48 LEIS DO PODER

USE A AUSÊNCIA PARA AUMENTAR O RESPEITO E A HONRA

O aparecer de qualquer jeito é uma grande armadilha para as pessoas que não pensam. Quando mais fácil você se torna, menos valor você tem. É necessário equilibrar as suas aparições, comparando-as como grandes aberturas de um espetáculo, onde as pessoas se encantam, comentam e ficam com gostinho de quero mais.

No nosso artigo da semana vamos avaliar mais uma lei que nos chama muito a atenção. É usar a ausência como uma forma de agregar valor, respeito e honra, ou seja, tratar pela escassez a sua valorização.

Essa lei evidencia uma lei famosa de mercado que trata da oferta versus demanda, onde quanto menos produtos circulando, mais caros eles se tornam e o inverso também é verdadeiro.

Estamos a frente da Lei 16 do livro “As 48 Leis do Poder”, de Robert Greene. Essa lei está mais no campo da estratégia do que do romantismo. Ela pode definir diferenciais que podem fazer de você e do seu produto, grandes referências para o mercado, dependendo de como você equilibra suas aparições. Você pode escolher ser o famoso “arroz de festa” ou uma verdadeira “peça rara”. A escolha é sua e depende diretamente do valor que você gostaria de ser percebido.

Veja o que diz a lei 16, do livro “As 48 leis do poder” de Robert Greene:

Lei nº 16 – Use a ausência para aumentar seu respeito e sua honra: Quanto mais você se faz presente, maior sua circulação, menor o seu valor. Se você faz parte de um grupo, afaste-se e deixe que as pessoas notem que você está distante. Isso aumenta seu valor por gerar escassez da sua presença.

Circulação em excesso faz os preços caírem: quanto mais você é visto e escutado, mais comum vai parecer. Se você já se estabeleceu em um grupo, afastando-se temporariamente se tornará uma figura mais comentada, até mais admirada. Você deve saber quando se afastar. Crie um valor com a escassez. O que se retrai, o que se torna escasso, de repente parece merecer o nosso respeito e estima. O que permanece tempo demais, saturando-nos com sua presença, desperta o nosso desprezo. Na Idade Média, as senhoras exigiam constantemente de seus cavaleiros provas de amor, enviando-os para longas e árduas buscas — tudo para criar uma oscilação entre ausências e presenças.

Um dos grandes exemplos para ilustrar essa lei, está num show de um famoso cantor que tem suas músicas, sempre entre as mais ouvidas, mas para que você assista um show dele ao vivo, você terá que despender um valor significativo e quanto mais perto você quiser estar do seu ídolo, mais caro ficará. Essa área muitas vezes nominada de área VIP reúne as pessoas que pagariam qualquer valor para receber um afago, um elogio ou simplesmente um aceno que lhe dará a sensação da realização do sonho e representará alguns milhões a mais na conta do cantor, que ao sair do local do evento volta a sua política de escassez para valorização contínua de seu passe.

Como diria François de La Rochefoucauld (1613 – 1680), “A ausência diminui paixões menores e inflama as grandes, pois o vento apaga uma vela e acende um fogo”. Com essa citação temos a certeza de que a escassez pode ter duas vertentes claras, quando trazida para uma análise de mercado. A primeira de que relações superficiais normalmente não geram fidelização e portanto admiração e até mesmo idolatria. Mas quando as relações são mais profundas e afetivas as pessoas passam a ser grandes defensores de marcas, produtos e pessoas, agregando valor a elas e tornando-as referência por onde passarem.

Uma pessoa com as características de relações mais profundas e com aparições raras, brilha mais do que os outros. A aparição constante e em demasia cria o efeito contrário: quanto mais você é visto e ouvido, mais o seu valor diminui. Você se torna um hábito uma paisagem. Não importa o quanto você tente ser diferente, sutil, sem você perceber o porquê que as pessoas começam a respeitá-lo cada vez menos. E preciso aprender a saber o momento certo para se retirar, antes que elas inconscientemente o forcem a isso. E um jogo de “esconde-esconde”, na medida certa dos seus interesses.

Nesse jogo é importante observar que uma “presença forte” sempre será percebida, seja pelo vestuário, uma boa oratória ou mesmo a forma como você chega ao ambiente, isso naturalmente lhe levará a uma diferenciação entre os demais presentes e o tornam o centro das atenções.

Mas quando você passa a ser um alvo fácil, está em todos os lugares, o seu valor começa a cair e você passa a ser visto como paisagem e não mais como o diferencial.

No jogo do amor e sedução você deve gerar no outro o desejo pela sua presença, tornando a sua ausência o grande motivo da paixão.

Um ponto interessante é fazer com que as pessoas desejem tanto a sua presença, que a possibilidade de perdê-lo gera um grande temor em todos, por uma possível ausência permanente.

Ao escolher um desaparecimento planejado surgirá uma grande dúvida no ar e com ela o sentim
ento de perda, como se você tivesse morrido antes da hora. No seu retorno, você será visto como a pessoa que ressurgiu dos mortos e todos terão a sensação de alívio com a sua volta, porém com sua cotação cada vez mais alta.

Mas é fundamental que tenhamos a consciência de que esta lei só se aplica plenamente quando um certo nível de poder tenha sido atingido. Quando isso ainda não estiver ocorrendo a sua presença ou a sua ausência não aumentará o seu respeito, você simplesmente será esquecido. Construa sua reputação, uma imagem inabalável, porém antes dessa conquista, a ausência é perigosa – em vez de atiçar os fãs, irá perdê-los.

Fechando esse nosso décimo sexto artigo sobre as 48 LEIS DO PODER faria apenas algumas adaptações, baseadas nos argumentos acima apresentados:

Use suas habilidades e competências para se tornar inesquecível: Haja como um ser único, diferenciado, com valores e reputação inquestionável e se torne referência em tudo que você faz. Saiba equilibrar a hora de sumir e aparecer, redimensione a sua circulação, evite o excesso para não parecer mais um ou um ser comum e igual a todos. Use o seu distanciamento como o despertar da saudade, do reconhecimento da sua ausência e seja a pessoa mais comentada positivamente quando você não estiver olhando. Sempre lembre que o que é bom não tem preço e sim valor.

Por: Weber Negreiros