LETRAS SABOROSAS

Escola Internacional de Gastronomia Científica no verão italiano

Escola Internacional de Gastronomia Científica no verão italiano Escola Internacional de Gastronomia Científica no verão italiano Escola Internacional de Gastronomia Científica no verão italiano Escola Internacional de Gastronomia Científica no verão italiano
Escola Internacional de Gastronomia Científica no verão italiano

Aconteceu a segunda edição da International Summer School of Scientific Gastronomy, um curso intensivo de cinco dias que reuniu graduados e pesquisadores de diversas disciplinas e diferentes países para explorar as fronteiras da Gastronomia Científica.

O curso foi no CIRFOOD DISTRICT de Reggio Emília, um hub de vanguarda para pesquisa e inovação no setor alimentício, o evento ofereceu aos participantes uma imersão total em um mundo onde a física, a química e a biologia se fundem com a arte culinária, abrindo novas portas para o futuro da restauração e da indústria alimentícia.

A Summer School foi organizada e financiada pela Universidade de Parma, Universidade de Barcelona, World Congress Science & Cooking e Chartier World Lab Barcelona, com o patrocínio da CIRFOOD, e este ano também da Montanari & Gruzza, empresa produtora de laticínios e queijos.

O corpo docente era composto por: Davide Cassi, Professor de Física da Matéria na Universidade de Parma e Presidente do Future Cooking Lab.; Pere Castells, químico e Presidente do Science Cooking World Congress Barcelona; François Chartier, sommelier, cozinheiro, pesquisador e formador, e Presidente do Chartier World LAB; Isabelle Moren, sommelier, cofundadora e diretora operacional do Chartier World LAB, Barcelona; Mariana Koppmann, bioquímica, consultora consultiva no Instituto Argentino de Gastronomia e divulgadora científica.

O projeto da Summer School foi criado pelos professores Cassi e Castells, juntamente com Axel Bidon-Chanal, professor de Química Computacional da Universidade de Barcelona, e faz parte de um programa de treinamento com o objetivo de promover e difundir o conhecimento da Gastronomia Científica, uma nova disciplina, definida pela Manifesto de Barcelona de 2019.

Diferentemente da norma em cursos e seminários internacionais, onde o inglês predomina, aqui se alternaram aulas em italiano, espanhol e inglês, com intervenções ocasionais em português. 

A Gastronomia Científica é uma disciplina abrangente que engloba diversas outras doutrinas científicas e humanísticas, como matemática, física, química, biologia, tecnologia, antropologia, saúde, psicologia, gastronomia, todas elas estreitamente interligadas, com o objetivo de estudar a relação existente entre o homem e o alimento.

“A Gastronomia Científica estuda o alimento em todos os aspectos que o tornam prazeroso ao homem, estimulando seus sentidos e gerando emoções”, destacou o Prof. Davide Cassi. “E é justamente a presença da ciência na gastronomia que nos permite estudar a cozinha em sua totalidade, desde as técnicas comuns até a termodinâmica da cocção, das transformações químicas e estruturais de um alimento até suas propriedades sensoriais, para compreender se e por que um alimento nos agrada.”

Destaques do Evento

A segunda edição da Summer School of Scientific Gastronomy foi organizada em sessões teóricas pela manhã, complementadas por laboratórios práticos à tarde.

Após uma primeira aula introdutória sobre Gastronomia Científica, ministrada pelo Prof. Cassi, onde foram transmitidas as bases da nova disciplina, as aulas se concentraram no estudo das moléculas sensoriais.

O curso iniciou com uma aula fundamental dedicada à fisiologia do paladar, ministrada pelos professores Cassi e Castells. Onde foi aprofundada a percepção na boca e na língua dos cinco gostos primários (doce, salgado, amargo, ácido e umami – o gosto “saboroso” típico de alimentos ricos em glutamato). O Prof. Cassi organizou uma análise sensorial guiada, na qual os participantes puderam experimentar diversas substâncias puras, com o objetivo de avaliar suas diferentes intensidades e qualidades gustativas e perceberem cada categoria de gosto. No laboratório sob a orientação da Professora Mariana Koppmann, foi colocado em prática o aprendizado através da criação de bebidas com diferentes sabores, seguindo receitas específicas.

O segundo dia foi dedicado à exploração do mundo dos aromas e das harmonias moleculares, sob a orientação dos professores François Chartier e Isabelle Moren. A aula iniciou com um exercício de reconhecimento olfativo “às cegas”, onde os participantes sentiram o aroma de diversas essências, tentando identificá-las. Isso permitiu ao professor Chartier introduzir o conceito de “memória olfativa”, explicando como ela é resultado de experiências sensoriais passadas são importantes para a criação quanto na degustação de um prato.

O laboratório da tarde permitiu que os alunos criassem livremente pratos e bebidas, com o objetivo de experimentar novas harmonias de sabor através do cozimento ou da mistura de diferentes ingredientes, e ainda foi possível trabalhar receitas com a Inteligência Artificial, projeto do mestre François Chartier e a Sony AI Gastronomy, que quer ajudar a humanizar o uso da Inteligência artificial na cozinha e no salão.

A aula com o tema da “Física da Matéria Mole” no âmbito gastronômico, área de pesquisa e estudo do Prof. Cassi. Se dedica ao estudo das propriedades físicas de materiais facilmente deformáveis, como líquidos, géis, espumas e melhoraram processos como o cozimento, a fermentação e a estabilização de emulsões e espumas.

A aula seguinte, sobre as texturas dos alimentos e as substâncias texturizantes, ministrada pelo Prof. Castells, durante o laboratório foram apresentados aos alunos alguns exemplos de esferificação direta e inversa para criar esferas gelatinosas de líquidos. Os alunos foram convidados a realizar diversas preparações clássicas como maionese, molho bechamel, gelatinas, espumas etc.

No último dia da Summer School, houve apresentações de alguns alunos e pesquisadores que mostraram seus projetos de estudo. O primeiro foi o estudo de Denise Rohnelt Araujo, jornalista e estudiosa da cultura amazônica, fundamentado na pesquisa de um molho ancestral com um pronunciado sabor umami, produzido na Amazônia a partir do extrato da mandioca brava. Ainda tivemos a apresentação da Dra. Camila Landi, pesquisadora brasileira, com um projeto sobre as vantagens texturais e gustativas do uso da Cannabis Sativa na alimentação. Na sequência, a espanhola Fermina Perez e a chef italiana Dorina Burlacu, que explicaram como tornar mais maleáveis e trabalháveis as massas de farinhas sem glúten utilizando a inulina, e por último, o Prof. Michele Bellingeri, pesquisador e docente de Física Gastronômica na Universidade de Parma, que propôs um modelo matemático para analisar os componentes aromáticos e criar harmoniosas combinações entre os alimentos.

O Prof. Pere Castells, um dos diretores científicos do evento, destacou: “A Summer School visa formar profissionais para moldar ativamente o futuro da gastronomia. Estamos criando uma comunidade internacional de especialistas que impulsionarão a inovação no setor alimentício.”

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.