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Em 15 anos, Centro de Capoeira da UFRR beneficiou mais de 10 mil pessoas

Roda de capoeira na Igreja Matriz
Roda de capoeira na Igreja Matriz

Desde 2009, a Universidade Federal de Roraima (UFRR) desenvolve um programa de extensão intitulado “Promoção da Capoeira e Cultura Popular como Instrumento de Educação e Integração Social”. Este programa é conhecido como Centro de Capoeira da UFRR e visa à transformação social pela democratização do acesso à educação e cultura.

Nesses 15 anos, o Centro de Capoeira realizou ações que já beneficiaram mais de dez mil pessoas do Brasil e exterior. Dentre as ações, o coordenador do programa, professor Márcio Akira, destacou as ações de pesquisa para a preservação e promoção da capoeira da região. Ele disse que toda a comunidade de Roraima pode participar e a solicitação pode ser feita pelo Instagram do projeto, o @capoeiraroraima.

Akira disse que não há burocracia aos interessados em participar, onde os encontros ocorrem à noite, em duas vezes por semana. O professor disse que participam da capoeira os estudantes da UFRR, a comunidade, imigrantes e indígenas. “Recentemente colocamos a capoeira) no Curso de Agroecologia, como disciplina aberta para os demais alunos”, informou.

Livros

Akira destacou que o desenvolvimento histórico da capoeira em Roraima está registrado em livros. Foi lançado um primeiro livro, onde o levantamento conseguiu resgatar os nomes de todos os mestres nos últimos 100 anos. Agora, anunciou que será lançado em breve uma nova publicação sobre o tema.

Ele lembra da relevância da preservação do registro fotográfico, que foi a tônica do primeiro livro, que reproduz as imagens dos mestres capoeiristas de Roraima. O professor se recordou que em 8 de julho de 2008, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Iphan) elevou a capoeira para a condição de patrimônio cultural imaterial do Brasil.

As pesquisas são realizadas por uma equipe que envolve professores e alunos da UFRR e também mestres e praticante da capoeira dos diversos grupos e associações de Roraima. As pesquisas têm o objetivo principal de preservar a ancestralidade da história dos povos africanos que vieram para o Brasil e promover a capoeira da região, pela ótica dos seus praticantes. Os resultados são divulgados em formas de exposições, palestras, livros e documentários sempre com uma linguagem que possa levar o conhecimento para além dos muros da instituição.

Pesquisas

De acordo com o coordenador do programa, as pesquisas têm mostrado que a capoeira é muito mais que uma luta ou esporte. “E que a sua importância é evidenciada como uma ferramenta eficaz para o acesso à educação e para a promoção de uma cultura de paz.”

Explica que isso é possível porque “a capoeira tem como base a miscigenação de culturas africanas e a resistência da vida do negro escravizado no Brasil, sendo praticada como uma arte multifacetada. ” Acrescenta que há mistura de dança, música, luta, acrobacia e ritual.

“Essa mistura é capaz de agregar pessoas por diferentes razões, criando um ambiente diverso e democrático, onde todos se integram independentemente da nacionalidade, idade, estereótipo, cor, gênero e etnia”, afirma. E acrescenta que, além disso, a prática da capoeira é realizada nas mais diversas condições e localidades, sendo capaz de integrar as pessoas de forma pacífica, contornando situações de tensão e violência causadas por diferenças culturais, conflitos de interesses e xenofobia.

Atualmente, o Centro de Capoeira da UFRR oferece também ações como aulas, oficinas, palestras, rodas e apresentações culturais. Desde o seu início, o Centro já realizou mais de uma centena de ações.

Essas práticas contaram com apoio e/ou parceria da Escola de Audiovisual da Universidad de los Andes (ULA/Venezuela), Salvaguarda da Capoeira de Roraima, Federação Roraimense de Capoeira (FERRCAP), Prefeitura de Boa Vista, Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN), Agência de Refugiados da ONU (ACNUR), Organização Internacional do Migrante (OIM/ONU), Fundo Populacional das Nações Unidas (UNFPA), Platô Filmes e Empresa de Tecnologia Ericsson.

Serviço:

Quem tiver interesse em conhecer mais sobre o projeto, pode buscar o Instagram @capoeiraroraima ou entrar em contato pelo e-mail [email protected].