Do lixo ao Japao 1913 Do lixo ao Japao 1913 Do lixo ao Japao 1913 Do lixo ao Japao 1913

Do lixo ao Japão

Ao recolher as toneladas de lixo das águas do Rio Branco, nosso principal manancial de água potável, que corta o Estado de Norte a Sul, a Companhia de Água e Esgoto de Roraima (Caer) tem feito um trabalho que, no popular, chama-se “enxugar gelo”. Afinal, está comprovado que o cidadão não quer ser conscientizado na questão do lixo que ele produz.

Então, a única saída é investir pesado na conscientização das crianças, uma vez que será difícil a maioria dos adultos mudar de atitude. Se os pais estão falhando na educação dos filhos, torna-se necessário o poder público assumir esse papel de conscientizador, por meio de programas direcionados ao público infantil, e mesmo de educador, por meio da escola, embora não seja esse o papel da escola, que é transmitir conhecimento.

Não há outra forma de encarar o problema senão pela escola. No Japão, por exemplo, as crianças são obrigadas desde cedo cuidar do lixo na escola, varrendo a sala de aula e lavando copos, pratos e talheres usados na merenda. Mas isso é Japão. Lá, a mão da criança não cai se elas varrerem a sala. Pelo contrário: faz parte do processo de ensino e aprendizagem.

Aqui, no Brasil, vira caso de polícia e indignação popular se um aluno tiver que limpar o que ele sujou na escola. Afinal, criou-se uma concepção de que lixo é problema dos governos, não nosso, de cidadão, desde pequeno.

Paralelo a esse árduo trabalho de conscientização e educação, enquanto uma nova geração não for formada, é preciso atacar o problema em sua fonte. A maior parte do lixo que vai para o Rio Branco não é somente o que é lançado nas praias ou direto nas águas, pelos banhistas irresponsáveis, sem qualquer compromisso com o meio ambiente e ignorantes completos no que diz respeito à cidadania.

O lixo vem dos bairros por onde o curso da água passa, pois o que é lançado em via pública acaba sendo arrastado pelas águas das chuvas ou mesmo pelo vento, no caso do plástico, direito para os rios e igarapés. Então, a atuação de limpeza deve ocorrer em todas as áreas próximas dos rios e igarapés.

Isso significa que, se não for feita uma intervenção no lixo lançado nesses bairros, o problema não vai reduzir ou cessar. E se a criança não for trabalhada desde cedo, ela vai reproduzir o que seus pais e outros familiares adultos fazem, não dando destinação correta ao lixo doméstico ou mesmo o que é produzido no dia a dia, nos passeios ou momentos de lazer.

O fato é que o problema não é fácil de ser resolvido, pois estamos falando de Brasil, da esculhambação geral da nação. Logo, se não houver um esforço da sociedade para encarar o problema, estaremos decretando o fim de nossos principais mananciais de água potável. São Paulo que o diga.

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