JESSÉ SOUZA

Disparidade na segurança pode ser medida a partir da área central da cidade

Imagem do furto cometido no sábado divulgada nas redes sociais pela escola de idiomas (Imagem: Reprodução)

Quem frequenta o Complexo Poliesportivo Ayrton Senna, o local mais movimentado da área central de Boa Vista, logo observa que a todo momento passam não apenas viaturas da Polícia Militar, mas também da Guarda Municipal, da Força Nacional de Segurança, do Departamento Estadual de Trânsito, do Departamento Municipal de Trânsito (Dmtran) e até mesmo da Polícia Civil. Se duvidar, até da Polícia do Exército passa por lá. Logo, é público e notório que ali é o ponto da cidade mais vigiado, sem qualquer dúvida.

No entanto, enquanto o principal ponto de encontro, lazer e esporte do boa-vistense, especialmente das pessoas de melhor poder aquisitivo, tem não apenas a sensação de segurança ao longo da Avenida Ene Garcez,  como também dispõem de viaturas transitando a todo o momento, especialmente à noite, a população dos bairros mais afastados do Centro carece de policiamento ostensivo e de ao menos qualquer fator que possa transmitir alguma sensação de que está sendo protegida.

Curiosamente, os fatos indicam que essa visível presença das forças policiais resume-se à avenida mais movimentada da Capital, uma vez que a poucos metros dali, no entorno da Praça do Centro Cívico até o Berço Histórico de Boa Vista, não se vê a mesma movimentação de viaturas policiais, enquanto o tráfico de droga se apoderou daquela área central, em que os viciados aproveitam a ausência completa de policiamento para praticar furtos principalmente nas empresas ali estabelecidas, que fecham as portas depois das 18h.

Se ali, em uma área que é vitrine e que por lógica deveria estar bem servida da presença da polícia, os ladrões fazem a festa, é possível ter noção do que se passa nos bairros periféricos. É importante destacar que uma guarnição da Polícia Militar foi estabelecida na Casa da Cultura, na Avenida Jaime Brasil, onde tem servido mais para garantir segurança a uma elite que ali frequenta do que cumprir a obrigação de ronda ostensiva naquela região da cidade, dominada pelo tráfico e ocupada por viciados que se tornaram “zumbis” que ocupam as calçadas e vias públicas.

No artigo anterior, foi destacado que outro quiosque na Rua Floriano Peixoto, próximo da Orla Taumanan, foi alvo de ladrões que furtaram toda fiação do local onde funciona uma lanchonete. Vários prédios naquela região já foram alvos dos marginais. Nem o fato de a poucos metros dali existir uma Base da Força-Tarefa Logística Humanitária da Operação Acolhida, com movimentação constante de militares do Exército, tranquiliza os empreendedores ou intimida os larápios.

Neste fim de semana, mais precisamente no sábado, 19, uma escola de idiomas foi alvo de furto pela terceira vez no Centro. Antes, os ladrões agiram nos dias 14 e 15 de julho, quando foram registradas ocorrências policiais, sem que tenha ocorrido qualquer retorno por parte das autoridades policiais ou mesmo presença ou investigação, conforme nota pública divulgada pela empresa localizada na Avenida Nossa Senhora da Consolata, a poucos metros das sedes dos poderes constituídos, na Praça do Centro Cívico.

Outro problema relatado pela empresa na nota é a morosidade que começa pelo atendimento na delegacia da Polícia Civil, que é inadequado e sem qualquer agilidade. Tanto é assim que o ladrão retornou no sábado antes de a polícia dar satisfação ou tomar qualquer providência. Se esta é a realidade na área central da Capital, onde estão sedeados os principais órgãos públicos e as maiores empresas, é de se imaginar o atendimento nas delegacias dos bairros periféricos.

Longe da área central de Boa Vista, muitos não se submetem mais a ir a uma delegacia registrar ocorrência, pois é o mesmo que se submeter a mais um sofrimento devido a uma morosidade que não é apenas estrutural, mas também praxe governamental porque os furtos tiram o sono apenas da população pobre e dos pequenos empresários, uma vez que as autoridades e seus grandes estabelecimentos estão bem protegidos com o dinheiro pago do contribuinte.

Não bastasse isso, as facções venezuelanas estão matando em via pública e ampliando seu poderio em Boa Vista…

*Colunista

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