Populares gravaram imagens do carro que capotou no final da Avenida Ville Roy durante racha (Imagem: Divulgação)

A Avenida Ville Roy tornou-se a nova rota para fugir do trânsito conturbado para quem quer sair da Capital (ou mesmo chegar) pelo trecho norte da BR-174 em direção à fronteira com a Venezuela. Com a construção de uma ponte sobre o Rio Cauamé, dando sequência à Ville Roy no bairro Caçari, é possível ter acesso à BR-174 pela região do Bom Intento, na zona rural de Boa Vista.

No entanto, aquele trecho da Avenida Ville Roy após o Garden Roraima Shopping, que antes da construção da ponte não tinha saída, sempre serviu para prática de rachas de carros e motos, além de manobras perigosas e ilegais por puro exibicionismo praticado por condutores que desafiam as autoridades de trânsito sem ser incomodados.

Antes da interligação da avenida, ali sempre foi o símbolo do que se tornou o trânsito boa-vistense, com condutores praticando corridas ilegais, sem autorização das autoridades de trânsito, diante das vistas grossas até mesmo da polícia, que costumam agir com dois pesos e duas medidas quando se trata de atuar com rigor numa área nobre e na periferia da Capital.

Se estes encontros fora da lei ocorressem em um bairro da periferia, é certo que as autoridades já teriam feito uma grande ação para coibir e punir os transgressores, pois essa prática é considerada um crime de trânsito, conforme o artigo 308 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). As penalidades incluem multas, apreensão do veículo e suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

O que chama a atenção é que, dias depois de a ponte ser inaugurada, inclusive servindo de alternativa para que os condutores chegassem à Exposição Feira Agropecuária de Roraima (Expoferr), autoridades de trânsito autorizaram o fechamento de uma das mãos da avenida naquele trecho para uma exposição de veículos, o que serviu de senha para os malfeitores motorizados aproveitaram a outra parte da avenida para praticar manobras ilegais.

Foi um show de horrores, com carros e motos fazendo arrancadas com menores de idade conduzindo veículos, gente alcoolizada (ou sob efeito de entorpecentes) empinando motos e todo o tipo de manobras perigosas, além de muito barulho. Quem achou que iria usar a nova ponte para chegar mais cedo em casa, naquele domingo, vindo do interior ou zona rural, acabou ficando “ilhado” no meio da balbúrdia em que o local foi transformado.

É inadmissível que continuem autorizando qualquer evento automobilístico em via pública tendo um local específico para esses rachas, inaugurado este ano no Parque Anauá, onde disputas e exposições podem muito bem compartilhar do mesmo lugar destinado aos amantes desse tipo de evento. Alguém deveria ser responsabilizado por essa autorização descabida naquele domingo.

Aquele trecho da Av. Ville Roy também é tradicionalmente utilizado por amantes de corrida de rua, caminhadas e ciclismo, o que é outro fator que ajuda a complicar o tráfego. Inclusive uma pessoa de bicicleta já foi atropelada por uma caçamba que trabalha na obra da imobiliária responsável pela construção da ponte e que segue em obra, loteando e fazendo abertura de ruas e avenidas.

É necessário que as autoridades passem a agir com o rigor da lei não só naquele trecho, mas em toda Av. Ville Roy para coibir práticas ilegais e ordenar o trânsito. Vidas já foram ceifadas ali em graves acidentes. Não dá mais para aceitar as vistas grossas sobre o que se passa por lá só pelo fato de ser área nobre, onde os filhos da elite comandam rachas e outras práticas ilegais.

Como ninguém foi punido naquele episódio, um contumaz praticante de racha capotou um carro no mesmo local, que ficou completamente destruído, dias depois do show de horror, mostrando o tamanho da audácia e da imobilidade das autoridades. Outra vez, ninguém identificado ou punido. A balbúrdia que se tornou o trânsito na Capital começa pela leniência das autoridades quando se trata de agir com rigor contra os que se acham acima da lei. Isso precisa acabar.

*Colunista

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