
Já faz um tempo que a franquia Shin Megami Tensei furou a bolha, se tornando mais reconhecida e querida, e boa parte disso se deve a série Persona, que nada mais é que um spin-off de SMT. Aproveitando a aceitação cada vez maior dos jogos de Shin Megami Tensei e Persona, tanto a Atlus, desenvolvedora da franquia, como a Sega, publicadora, aproveitaram para reviver outro spin-off, sendo a vez da a sub-série Devil Summoner – Raidou Kuzunoha. RAIDOU Remastered: The Mystery of Souless Army é um remaster de respeito (beirando o remake) de Shin Megami Tensei: Devil Summoner – Raidou Kuzunoha vs The Soulless Army (ô nome grande… coisa de JRPG, com o tempo você se acostuma…), lançado originalmente para Playstation 2 em 06 de março de 2006, quase 20 anos atrás.
Como em qualquer jogo da franquia SMT, você faz uso de demônios para combater inimigos e outros demônios. O diferencial de Devil Summoner – Raidou Kuzonoha, é que além de combate, os demônios também ajudam nas investigações. Além disso, normalmente o combate nos jogos de SMT é por turno, mas na sub-série de Raidou Kuzunoha é em tempo real, fazendo com que seja um action-RPG, o que torna o jogo mais acessível a um público bem maior.
Mas por que vale a pena jogar o remaster de um jogo com quase 20 anos? Continue a leitura que eu te explico.
HISTÓRIA
Falando um pouco sobre a narrativa (por que é sempre melhor descobrir por conta própria né?), você assume o papel do jovem Raidou Kuzunoha XIV, o décimo quarto invocador da organização secreta Yatagarasu à assumir o manto de protetor da Capital, uma versão fictícia de Edo (antigo nome de Tóquio) durante a Era Taisho, na década de 1930 do Japão. No papel do investigador sobrenatural, será preciso resolver o caso do rapto de uma jovem herdeira, e derrotar as forças malignas por trás do que logo se torna uma conspiração que ameaça toda a nação.
Para isso, você conta com o apoio dos já citados demônios e personagens secundários que são bem carismáticos como por exemplo: Gouto-Doji, o gato falante e mentor de Raidou. Shohei Narumi, o chefe da agência de detetives que trabalha com o protagonista. E Tae Asakura, uma jornalista que frequentemente auxilia nas investigações.
É até bom fazer um pequeno adendo de que os demônios na franquia SMT como um todo na verdade são representações de deuses, seres e entidades mitológicas de variadas culturas, tanto que alguns “demônios” são literalmente anjos por exemplo.
O desenrolar da aventura se dá por capítulos não muito longos, o que é perfeito para quem gosta de jogar aos poucos, podendo salvar ao final de cada capitulo e retomar o jogo no início do próximo. RAIDOU Remastered não é um jogo absurdamente longo e nem curto demais, podendo ser finalizado com cerca de 20 horas de gameplay (o que na minha opinião é um tempo de jogo excelente).
EXPLORANDO O JAPÃO DE 1930
A gameplay de RAIDOU Remasterd se resume a exploração do mundo semi-aberto do jogo (o famoso “open-bairro”), interação com os NPCs e combate. Pode parecer algo sem graça para alguns, mas acredite, é muito bem executado.
Na questão de exploração Raidou pode visitar diferentes áreas da Capital, assim como as versões sombrias dessas mesmas áreas, que precisam ser liberadas uma primeira vez no “Santuário Sem Nome”. O combate (e recrutamento) com os demônios se dá principalmente nas versões sombrias das áreas da Capital como também nas “Fendas Aril” que aparecem na versão normal das áreas. É durante a exploração e combate que Raidou coleta as pistas e recursos que permitem avançar na história e também fortalecer a sí e seus demônios.
É também durante a exploração que Raidou resolve pequenos casos, missões secundárias simples como encontrar o brinquedo perdido de uma criança, ou resgatar um cachorrinho preso em um local alto, fazendo uso das habilidades especiais dos demônios aliados.
Ao todo, Raidou pode carregar consigo até 12 demônios, que podem ser fundidos em novos e mais poderosos a todo momento durante a campanha. E é extremamente recomendado que se faça isso, pois alguns dos mais poderosos só podem ser obtidos desta forma. RAIDOU Remasterd conta com mais de 120 demônios diferentes entre novos e antigos do jogo original.
Além do gerenciamento dos seus demônios, é necessário fazer o mesmo com seus recursos, arma e habilidades, tanto próprias como dos nossos demônios (afinal, isso é um RPG). É possível melhorar os status da espada forjando novas, que também liberam novas habilidades de combate para Raidou.
UMA ESPADA, UMA PISTOLA, E TODA SORTE DE DEMÔNIOS
O combate dos jogos de Raidou Kuzunoha sempre foram os mais diferentes da franquia SMT, uma vez que são em tempo real e não por turnos. Na hora do “vamos ver” ficamos no controle de Raidou, enquanto os demônios são controlados pela IA do jogo, mas podendo ser trocados e comandados de acordo com a necessidade.
No jogo original de PS2, durante as lutas um botão era dedicado ao uso da espada, outro para o uso da pistola e o terceiro para captura de demônios. O remaster fez grandes mudanças que melhoram muito a experiência para os jogadores atuais (e para os veteranos da franquia também). Agora há botões para golpes leves e pesados de espada, com os leves recuperando a “mana” de Raidou, que é gasta com habilidades especiais suas e dos demônios invocados por ele. O uso da pistola foi direcionado para os gatilhos inferiores do controle agora sendo possível mirar antes de atirar (no jogo original você só apertava triangulo no controle e disparava no demônio sob a mira automática). Apesar dessa melhoria de gameplay para a pistola, não há como fazer melhorias de status para a mesma. Agora também é possível executar pulos durante as lutas, o que vem a ser bastante útil para escapar de certos ataques de chefes como também para atacar.
Já os demônios, tanto os seus como os adversários, possuem diferentes habilidades e tipos diferentes, tal como Pokémon (apesar de que foram os jogos de SMT que introduziram as mecânicas de captura de monstros e diferentes tipagens, mas fica a comparação com uma franquia mais reconhecível para o público geral). Demônios possuem uma tipagem fixa, mas nada os impede de aprender habilidades de outros tipos (como sempre foi na franquia), o que aumenta a versatilidade e diminui a necessidade de ficar abrindo menus e trocando de demônios durante o jogo. E falando na necessidade de abrir menus para troca de demônios durante o combate, outra mudança ajuda nisso é o fato de que agora Raidou pode invocar dois demônios para lutar ao seu lado, algo que não acontecia no jogo original e só passou a ser possível a partir do segundo jogo, Raidou Kuzunoha vs King Abbadon.
Por isso, não pense que por ser um action-RPG, RAIDOU Resmatered possa ser jogado no estilo “esmaga botões”. Por mais que os combates possam ser frenéticos, ainda é necessário estratégia, e saber a hora de recuar.
O QUE TANTO MUDA PARA O ORIGINAL?
Apesar de que ainda farei um texto (ou vídeo) destrinchando as mudanças da versão de PS2 para a atual, podemos citar as melhorias gráficas, já que a versão original foi concebida em uma época que nem se pensava em jogar em 4K, a inclusão de dublagem em todos os diálogos do jogo (infelizmente apenas em japonês e inglês), a reformulação do sistema de combate, a inclusão de novos demônios em comparação a primeira versão e muitas outras. Mas a que provavelmente vai agradar um maior número de jogadores é a remoção das batalhas aleatórias, agora os demônios ficam visíveis no mapa, e você só entra em batalha quando e se quiser.
POR FIM…
RAIDOU Remastered originalmente era um jogo de PS2, possuindo todo o “feeling” de um jogo da época. Ele ainda é meio quadradão, o que pode causar certa estranheza para quem não jogou o original ou outros jogos da época, mas causando uma sensação de “volta a infância” para quem já é familiarizado com as limitações da sexta geração de consoles. E com tudo isso, RAIDOU Remastered é um exemplo perfeito de como um remaster deve ser feito, com melhorias não só nos gráficos como na qualidade de vida do jogo como um todo, o atualizando para a geração atual de jogadores. Minha única ressalva é o preço. Pagar entre 260 e 280 reais para um remaster é bem salgado, mas felizmente este é um caso que vale a pena.
A experiência foi tão positiva que me motivou a continuar as aventuras de Raidou Kuzunoha enquanto aguardo o remaster do segundo jogo. Só preciso decidir se vou jogar a continuação do original no PS2 ou pelo PS3.
PRÓS:
- Sistema de batalha revisado
- Melhorias na qualidade de vida
- Disponibilidade para todos os consoles atuais
- Diálogos com dublagem
CONTRAS
- Falta de localização em PT-BR
- Precisão dos controles na exploração dos cenários
- Falta de melhorias para a pistola
LINKS PARA COMPRAR:
Se você ficou com vontade de jogar RAIDOU Remastered: The Mystery of Soulless Army, pode abrir um dos links abaixo para garantir o jogo.
Análise feita com cópia do jogo para Xbox Series X/S e PC, cedida pela Sega.