SECA EM RORAIMA

Produtores relatam impactos de incêndios criminosos na produção

As queimadas têm consumido solo, feno, palhada e cercados das propriedades

A Coopercarne e Associações ressaltaram que a maioria dos produtores não utilizam mais a prática de queimada para preparo das terras. (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
A Coopercarne e Associações ressaltaram que a maioria dos produtores não utilizam mais a prática de queimada para preparo das terras. (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Os produtores rurais de Roraima relataram nesta segunda-feira (25) os impactos dos incêndios na produção de grãos e carne do estado. Em coletiva de imprensa na Cooperativa de Carne (Coopercarne), eles solicitaram apoio no combate às queimadas, que têm se intensificado neste verão, e a conscientização de que estão sendo atingidos pelo fogo.

O presidente da Coopercarne, André Prado, apontou que as queimadas têm consumido o solo, feno, palhada e cercados das propriedades. Os incêndios, segundo ele, costumam iniciar na beira da estrada e entram nas áreas de produção.

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“As pontes que dão acesso à essas propriedades estão sendo destruídas. A pastagem que alimenta os animais estão sendo devastados e nós não temos o mínimo interesse com que esses incêndios aconteçam”, disse Prado.

A partir de observação de que a maioria dos incêndios são de origem humana, André Prado pediu que conscientização. (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Conforme ele e demais representantes de associações, a maioria dos produtores não praticam a queimada para limpeza das terras, uma vez que, com a mecanização, necessitam apenas da palhada. No entanto, “há uma cultura de queimar o lavrado desde a época dos pecuaristas e é uma cultura difícil de quebrar. É preciso fazer uma campanha para o produtor esquecer esse manejo porque o que menos queremos é o fogo”, como destacou Genor Faccio, presidente da Associação dos Arrozeiros de Roraima.

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Apoio do Governo Federal

O pecuarista Ermilo Paludo apontou que apenas 5% da área de Roraima é ocupada por propriedades rurais, que faz parte dos 35% do Estado, e 65% é área de preservação do Governo Federal. Segundo ele, nessas áreas federais, há queimadas intensas mas não há apoio da União.

“A área Yanomami, de responsabilidade do Governo Federal, está queimando e passou para as propriedades do Apiaú [Mucajaí]. Aquele grande incêndio começou na área Yanomami. A Flona Roraima também, quem controlou foi um morador. Vocês viram o Ibama, alguma autoridade envolvida, pelo menos, para ter alguma providência?”, questionou Paludo.

Ermilo Paludo apontou falta de apoio do Governo Federal. (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Contabilização de prejuízo

Mesmo com a situação preocupante, André Prado, afirmou que ainda não é possível contabilizar a quantidade de área afetada com os incêndios.

“Hoje a gente está orientando que todos os nossos cooperados e produtores em geral que eles façam o Boletim de Ocorrência para que haja o registro e apuração do caso, e que isso, no futuro, sirva de metodologia de estudo para que a gente se prepare melhor para os próximos El Niño”, disse o presidente da Coopercarne.