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O desenvolvimento rural sustentável não passa pelo arco do fogo

Animais sofrem com a seca em Roraima (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
Animais sofrem com a seca em Roraima (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Um ato arcaico ainda muito utilizado por pequenos agricultores, roceiros e indígenas é o de “limpar a roça, tacando fogo”. O problema é que, unido aos fortes efeitos climáticos gerados pelo fenômeno “El Niño”, esse ato, em muitos casos, gera um descontrole das chamas. A localidade em que o fogo deveria se conter, alastra-se e acaba causando grandes prejuízos econômicos.

Para os pecuaristas roraimenses, o capim natural neste final de verão é a única forma de alimentar o gado para poder sustentar o peso, juntamente com um proteínado servido nos cochos. Isso auxilia no aguardo do início das chuvas para que as pastagens plantadas possam crescer e servir de alimento mais rico aos animais.

Já aos agricultores, a palhada e a cobertura dos solos são de extrema importância. O produtor gasta fortunas para promover isso em época de colheita, para que sejam preservadas e até aumentadas as características químicas do solo, podendo melhorar as características físicas e morfológicas.

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No entanto, em uma realidade seca, sem água e quente em que Roraima vive nesse verão, ser pecuarista e agricultor é ver o desespero. Estamos ouvindo e vivenciando que os focos de incêndio, sejam eles oriundos de formas naturais ou artificiais, queimam esse capim natural que parece álcool e estala com a quentura das chamas, transformando tudo em cinza.

Muitas são as histórias em grupos de WhatsApp contando sobre animais queimados, sem ter alimento adequado ou sendo vendidos a preços impraticáveis em tempos normais. Há relatos, também, de vizinhos que brigaram por um ter ateado fogo no lixo doméstico que acabou se alastrado e ficando descontrolado até para as forças militares, os nossos bombeiros que tanto se esforçam.

Vejam como é importante evitar as queimadas, controlar as chamas. O trilho do desenvolvimento e da sustentabilidade das propriedades rurais não passa pelo arco do fogo.

Ainda temos relatos contando que transeuntes ateiam fogo e sorridentes prosseguem seus caminhos admirando o estrago que causaram, as chamas voluptuosas e os sertanejos correndo com baldes, mangueiras e abafadores nas mãos. Que crueldade os homens são capazes de fazer uns com os outros. Mas quando a fumaça invade a cidade no período noturno, todos dois sofrem juntos com suas crianças doentes nos hospitais.