Há seis meses, o agricultor familiar Edilson Pereira ingressou no plantio experimental do Café Robusta Amazônico. Em parceria com o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural de Roraima (Iater), ele cultiva quatro mil clones do exemplar em seu lote no Projeto de Assentamento (PA) Nova Amazônia, zona rural de Boa Vista. O local recebeu produtores, pesquisadores e técnicos para a discussão da viabilidade econômica da cafeeicultura em Roraima, realizada nesta terça-feira, 12.
De acordo com Edilson, as expectativas são as melhores para o cultivo do Café Robusta Amazônico. Ele espera que, em dois anos, cerca de 80 sacas de café possam ser colhidas da plantação, que tem 1,5 hectare.
“A maior dificuldade é no verão. Com o sol, a gente acaba gastando muita água com a irrigação. Teve noites que eu fiquei até 1h da madrugada mexendo com a geração. Agora já está tranquilo, em uma fase boa”, ressalta o agricultor.
Segundo o coordenador do Dia de Campo, o engenheiro agrônomo do Iater Eliander Trajano, o campo experimental de Edilson é um dos diversos existentes no estado, voltados para testes de forma comercial em parceria com agricultores.
“Nós estamos aplicando essa metodologia de campo, onde trazemos os produtores para aprender, ver como é o desenvolvimento da cultura e qual o objetivo de produtividade dessa área. Estamos colocando no papel, mostrando para o produtor que é viável economicamente e incentivando para que a cafeeicultura seja cada vez melhor aqui no estado”, explica o coordenador.
Café Robusta Amazônico
O Café Robusta Amazônico é uma variedade híbrida resultante do cruzamento de cafés Conilon e Robusta, adaptada à região amazônica. Tem ganhado destaque por sua qualidade e singularidade, com características sensoriais que agradam diversos paladares.
A região de Rondônia é pioneira na produção de cafés Robusta Amazônicos com Indicação Geográfica (IG) e Denominação de Origem (DO), reconhecendo a qualidade e a sustentabilidade da produção local.
Durante o Dia de Campo, os pesquisadores Marcelo Curitiba, da Embrapa Rondônia, e Abrão Carlos Verdin, do Incaper Espírito Santo, realizaram palestras sobre implantação de lavoura, clones cultivados, custo de implantação e tratos culturais de formação no primeiro ano. O evento tem parceria com a Embrapa, Sebrae e Governo de Roraima
Marcelo Curitiba explicou que o cultivo é promissor nos estados da Amazônia e adaptável à rotina da agricultura familiar, o que eleva as expectativas de produção.
“Considerando que a gente consiga um agricultor que produza 80 sacas por hectare, com o preço do café a mil reais a saca, é um rendimento de R$ 80 mil. Uma família consegue cultivar até cinco hectares, que vezes 80 resulta em um lucro de R$ 400 mil”, exemplifica Marcelo.
Por estar acima da Linha do Equador, Roraima enfrenta algumas dificuldades no cultivo do Café Robusta, como a uniformidade do florescimento. No entanto, o pesquisador Abrão Carlos Verdin explica que o estado tem condições favoráveis ao cultivo por conta de fatores climáticos, como precipitação superior à de outros pontos de cultivo no país.
“É importante que sempre haja estudo e adaptação dos materiais às condições locais. As trocas de informações entre pesquisadores, agricultores e instituições precisam ocorrer sempre, porque, através disso, quem ganha é o pequeno produtor, que necessita dessas orientações para ter sucesso em suas lavouras”, finaliza Verdin.
Sobre a Unidade Demonstrativa
A Unidade Demonstrativa (UD) é uma metodologia de extensão rural que apresenta, em campo, técnicas e práticas agrícolas já testadas e aprovadas, com viabilidade técnica, econômica e social. Nela, produtores aplicam as tecnologias sob orientação de técnicos e pesquisadores, permitindo que outros agricultores conheçam, observem e adotem as inovações.
Esses espaços funcionam como exemplos práticos, representativos da realidade local, e são utilizados para dias de campo, visitas técnicas e capacitações, com o objetivo de aumentar a produtividade, reduzir custos e melhorar a renda no meio rural.