AO PEQUENO E MÉDIO PRODUTOR

Pesquisa utiliza 51 clones híbridos de café e trigo para produção adaptada ao Cerrado

Com a presença de produtores locais, a pesquisa adaptou cultivares de café canéfora e trigo ao cerrado, testando solo e observando as mudanças climáticas

Pesquisa utiliza 51 clones híbridos de café e trigo para produção adaptada ao Cerrado

Em comemoração aos seus 44 anos, a Embrapa Roraima (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) está conduzindo pesquisas com café canéfora para identificar condições as condições do plantio no bioma Cerrado. A atividade foi realizada nesta quarta-feira (13), com um dia de campo com foco no cultivo de trigo e café, incluindo a avaliação e seleção de 51 clones híbridos da espécie.

O objetivo da pesquisa é recomendar variedades promissoras aos produtores, capazes de se desenvolver em um ambiente com desafios como chuvas intensas, altas temperaturas, grande umidade e solos pobres. Além do melhoramento genético, a iniciativa também inclui orientações sobre manejo do solo, adubação e irrigação, aspectos considerados essenciais para enfrentar problemas de pragas, doenças e deficiências nutricionais.

Durante a mostra da atividade integrada no Campo Experimental Água Boa, a pesquisadora da Embrapa Roraima, Cássia Pedrozo, explica que o sucesso da produção depende do equilíbrio entre genética e manejo.

Cássia Pedrozo

“A questão do manejo, que envolve irrigação, adubação, todos aqueles fatores que a gente consegue controlar, e tem os fatores que a gente não consegue controlar, como chuva e temperatura. Não adianta nada utilizar um material genético bom se o produtor não der um bom manejo para essas plantas. E o contrário também é verdade: não adianta investir em defensivos, adubo e irrigação se o material genético for ruim. O cultivo é sempre a interação desses dois fatores. Pensando no café, ou em qualquer outra cultura nova para Roraima, será necessário trabalhar todo o processo, selecionar os clones e definir o manejo adequado”, afirmou.

Segundo a pesquisadora, no ano passado foram recebidos 64 clones de café canéfora de Rondônia, dos quais 51 se transformaram em mudas para a instalação da área experimental em Roraima. Também foi implantado um jardim clonal para apoiar a pesquisa.

“Nosso objetivo é identificar quais materiais se adaptam melhor às condições do Cerrado de Roraima, mas sabemos que o desempenho pode variar entre regiões. A partir dessa seleção, esperamos reduzir o número de clones para ampliar testes em outras áreas e, assim, refinar as recomendações”, completou.

Expectativas e desafios do plantio ao produtor

O pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Abraão Carlos Verdin, destacou que a produtividade depende do equilíbrio entre material genético e manejo.

Abraão Carlos Verdin

“Não adianta utilizar um material genético bom se o produtor não der um bom manejo, e o contrário também é verdade. O cultivo é sempre a interação desses dois fatores. Pensando no café, ou em qualquer cultura nova para Roraima, será necessário trabalhar todo o processo: selecionar os clones e definir o manejo adequado. A partir desses resultados, vamos reduzir o número de clones para novos testes e refinar as recomendações”, explicou.

A pesquisa também é acompanhada por produtores locais, como Ana Carolina Siqueira, da comunidade indígena Kauwê do município de Pacaraima, que vê a oportunidade para ampliar a produção e a qualidade do café no estado.

“Aqui em Roraima, até pouco tempo atrás, quase não havia pesquisa sobre café. Então, eventos como este agregam muito conhecimento, tanto para quem já produz quanto para quem está começando. No início, enfrentamos a falta de informações adaptadas à nossa realidade de solo e clima, mas agora, conseguimos aprender e melhorar a qualidade do que produzimos”, afirmou.

Projeto experimental para cultivos na região norte

O pesquisador e chefe-geral da Embrapa Cerrados Sebastião Pedro, afirma que o potencial agrícola do estado é elevado, porém é necessário continur as pesquisas utilizando os clones hibrídos, tanto no cultivo do café e na produção experimental do trigos e outros grãos.

Pesquisador e chefe-geral da Embrapa Cerrados Sebastião Pedro

“Assim como aconteceu com a soja, apostamos que o trigo e o café também terão bons resultados. Com irrigação, é possível aumentar a produtividade e produzir o ano todo. No trigo, o principal desafio é o calor, que encurta o ciclo para cerca de 70 a 80 dias, mas o melhoramento genético pode ajustar isso. Dentro de cinco anos, acreditamos ter trigo adaptado para abastecer o mercado local e mitigar doenças do solo”, destacou.

Os resultados do estudo devem servir de base para o desenvolvimento de cultivares resistentes e produtivos, capazes de se adaptar às especificidades do Cerrado roraimense.

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