AGENDA DA SEMANA

Embrapa estuda viabilidade do cultivo de caju como alternativa econômica

Cassia Pedrozo, gestora do Núcleo de Floresta da Embrapa em Roraima, fala sobre o assunto durante entrevista.

Cassia Pedrozo, gestora do Núcleo de Floresta da Embrapa em Roraima - Foto: Folha 100.3
Cassia Pedrozo, gestora do Núcleo de Floresta da Embrapa em Roraima - Foto: Folha 100.3

A cultura do caju, embora não seja novidade em Roraima, ganha novos contornos com os estudos da Embrapa sobre sua viabilidade comercial no estado. Em entrevista ao programa Agenda da Semana neste domungo (1º), Cassia Pedrozo, gestora do Núcleo de Floresta da Embrapa em Roraima, explicou que, enquanto indígenas já utilizam o fruto e a castanha há gerações, o cultivo organizado é uma iniciativa recente que busca aliar tradição e potencial econômico.

A origem do caju na região ainda não está totalmente esclarecida. “Existem evidências de que pode ser nativo da Amazônia, especialmente do Cerrado roraimense, mas também há registros de que sementes podem ter sido introduzidas há muito tempo, seja por povos indígenas ou por migrantes nordestinos”, afirmou Cassia. A Embrapa realiza pesquisas para definir com precisão a história da espécie no estado, mas já se sabe que Roraima possui uma grande diversidade de cajueiros, tanto nativos quanto cultivados.

Dois tipos se destacam: o cajueiro comum, de grande porte, tradicionalmente manejado por comunidades indígenas, e o cajueiro anão precoce, variedade de menor tamanho que começa a produzir em apenas seis meses. “O anão precoce facilita o manejo, a colheita e o controle de pragas, por isso é o foco principal para cultivos comerciais”, explicou a pesquisadora. Atualmente, a Embrapa testa cinco cultivares em Roraima, sendo quatro anões e uma gigante, para identificar quais se adaptam melhor às condições locais.

Sobre o manejo, Cassia destacou que, embora o cajueiro anão floresça precocemente, é recomendável podar as primeiras flores. “Isso permite que a planta desenvolva melhor sua estrutura antes de direcionar energia para a frutificação, garantindo maior produtividade no futuro”, disse. O crescimento também varia conforme o sistema de cultivo: em áreas irrigadas, as plantas se desenvolvem mais rápido, enquanto no sequeiro o processo é mais lento.

As mudanças climáticas, com secas prolongadas e temperaturas elevadas, são um desafio para a cultura, assim como já ocorreu no Nordeste. “Lá, a produção caiu devido a esses fatores, o que levou à adoção de novas variedades e técnicas de manejo. Aqui, estamos trabalhando para evitar problemas semelhantes”, afirmou Cassia.

Quanto ao mercado, a pesquisadora ressaltou a necessidade de estruturação da cadeia produtiva. “Não adianta o produtor plantar se não houver quem compre. O caju in natura é perecível, então é essencial desenvolver agroindústrias para processar castanhas, polpas e derivados como doces, geleias e cajuína”, explicou. Ela citou ainda o potencial de exportação para o Caribe e Manaus, desde que sejam seguidos protocolos fitossanitários.

A Embrapa mantém parceria com a Embrapa Agroindústria Tropical, do Ceará, para adaptar tecnologias já consolidadas no Nordeste à realidade roraimense. “O caju tem tudo para ser uma alternativa viável aqui. Temos solo e clima favoráveis, além de um fruto de qualidade”, concluiu Cassia. Com pesquisas em andamento e o envolvimento de produtores, Roraima pode, aos poucos, consolidar o caju como mais uma opção para a agricultura local.

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