A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) avalia a possibilidade de adquirir milho produzido em Roraima com o objetivo de reduzir os custos logísticos com o transporte do grão de outros estados e garantir maior oferta do insumo a pequenos produtores. A medida foi detalhada pelo superintendente regional da Conab em Roraima, Pablo Cabadas Melo, durante entrevista ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha FM 100.3, neste domingo (8).
Durante a entrevista, Cabadas explicou que a Conab atua com base na Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), instrumento que permite ao Governo Federal intervir no mercado para assegurar uma renda mínima ao produtor rural, por meio da aquisição de produtos quando os preços de mercado estão abaixo do valor estipulado.
O milho adquirido para Roraima vem do Mato Grosso. De acordo com o superintendente, a redistribuição do milho adquirido em outras regiões do país impõe altos custos à companhia, especialmente para fazer o produto chegar a Roraima.
“Estamos em 2025, a Conab comprou milho em 2024, lá no Mato Grosso. O preço estava abaixo. E todo ano a gente precisa distribuir esse milho para o restante do país, para as unidades armazenadoras da Conab. Então, você tem o custo da compra, o custo desse milho ficar armazenado por quinzenas, cada quinzena tem um custo. Você tem, para trazer para o Roraima, um belo investimento logístico, porque é de caminhão, barco até Manaus, e depois, um novo caminhão. Você tem um baita esforço logístico. Você tem manutenção da qualidade desse produto”, explicou.
Diante desse cenário, a superintendência estuda viabilizar a aquisição do milho diretamente da produção local, aproveitando a estrutura instalada em Roraima e o aumento da produção interna do grão. A ideia é, segundo Cabadas, transformar parte da produção local em estoque público, que seria destinado aos programas da Conab, como o Vendas em Balcão, voltado para pequenos criadores.
“Roraima hoje tem produtor de milho. E tem produtor de milho comercial, não só para subsistência. O que a Conab está estudando? É possível transformar parte desse milho em estoque público? É possível que, em vez de trazer esse milho de lá de fora, com todo esse custo logístico, a gente utilize o milho local e forme um estoque com o milho daqui?”, questionou.
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Segundo ele, a medida também poderia beneficiar os próprios produtores locais, caso os preços de mercado estejam abaixo do valor mínimo estabelecido. “Digamos que hoje o preço mínimo para uma saca de 60 quilos seja 38 reais. É por volta disso. E o produtor está escoando o seu produto a 30 reais. A Conab tem total autonomia, e há recurso previsto em orçamento anual, de adquirir esse produto pelo preço mínimo, garantindo o mínimo de capacidade de retorno para esse produtor, para fim de recomposição do estoque público”, afirmou.
A proposta está sendo debatida com as cadeias produtivas e com o setor agropecuário para verificar a viabilidade operacional da iniciativa. “A gente está estudando. Ainda não está formatado, mas é uma iniciativa muito interessante. Porque economiza recurso público, fortalece a produção local e cumpre a missão da Conab com a segurança alimentar”, completou.
Outros assuntos
Pablo Cabadas ainda comentou sobre o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), a Rota do Arroz – recém implementada pelo governo federal e a expectativa do concurso público para ampliação do quadro de servidores em Roraima. A entrevista completa está disponível no canal da rádio no YouTube. Confira: