Cotidiano

Fiscais tocam fogo em barco de pescador 

Fiscais tocam fogo em barco de pescador  Fiscais tocam fogo em barco de pescador  Fiscais tocam fogo em barco de pescador  Fiscais tocam fogo em barco de pescador 

O pescador Abrahão de Almeida, de 52 anos, denunciou que teve sua embarcação e todo o material de pesca queimados no último sábado, 18, durante atuação da fiscalização da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) no Rio Catrimani, região de Caracaraí. A destruição teria ocorrido por conta do documento do barco estar vencido. Contudo, ele informou que, entre os pescadores presentes, foi o único a sofrer a atuação. O prejuízo foi calculado em torno de R$ 9 mil.

Há mais de 30 anos no ramo da pesca, Almeida pontuou que nunca presenciou uma atuação parecida. Um vídeo com a queimada dos materiais chegou a circular via rede social. Nele, uma testemunha chega a dizer que o pescador foi deixado na beira do rio, sendo socorrido por outros pescadores da região. O próprio Abrahão aparece no vídeo dizendo não entender o procedimento.

“Eu não estava em local proibido e também não tinha animal proibido no barco. Estava com mais três pessoas e meu neto, inclusive. Perguntei se era crime ter a documentação atrasada e só disseram que era pra eu assistir meu equipamento pegando fogo. Fiquei com 100 quilos de peixe na caixa, sem ter como me mover”, contou o pescador à reportagem da Folha na tarde desta terça-feira, 28.

No Auto de Infração, a descrição feita pelo fiscal da Femarh informa que o pescador, assim como outros três tripulantes, estava exercendo a pesca profissional com o Registro Estadual de Embarcações Pesqueiras e as respectivas carteiras de pescadores vencidas. Consta ainda no documento que todos os materiais apreendidos foram destruídos, com exceção de dois motores.

O pescador chegou a registrar um Boletim de Ocorrência na semana seguinte e nesta terça-feira, 28, junto a Comarca do Ministério Público Estadual em Caracaraí, deu entrada em uma ação, a fim de resolver sua situação. “Perguntei pra eles como eu ia conseguir o sustento da minha família e ele disse que não queria saber. Agora estou sem trabalhar, passando necessidade com minha família”, relatou.

OUTRO LADO – O presidente da Femarh, Ionilson Sampaio, explicou que, no dia anterior à apreensão, o pescador foi notificado de que não poderia exercer a pesca na região por se tratar de uma área de banco de areia, com desova de tartarugas e tracajás. “No outro dia a equipe voltou e ele estava lá novamente. Como ele foi reincidente e a legislação permite, foi feito o relatório pela destruição”, declarou.

Ainda sobre o caso, o diretor de Monitoramento e Controle Ambiental da Femarh, Glicério Fernandes, informou que por conta do período de defeso dos quelônios, onde as águas vão baixando e as tartarugas e tracajás soltam os ovos. Neste período, qualquer pessoa que é pega capturando o tipo de animal está passível de multa, além de ter os materiais apreendidos e/ou destruídos. 

“Nesta ocasião, destruíram o material porque não havia outros barcos para levar o equipamento. E essa ação é regulamentada perante a lei. O pescador pode estar com a documentação toda legal, mas se naquele curso d’água não estiver sendo permitida a pesca, ele é autuado”, concluiu.

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.