Um fenômeno luminoso registrado na noite desta terça-feira (30), chamou a atenção de moradores do município de Uiramutã, de comunidades indígenas na fronteira com a Guiana e de diversas outras regiões do Brasil.
Descrito por testemunhas como algo semelhante a um “anjo” no céu, o evento foi esclarecido pelo astrônomo Marcelo Domingues, que explicou que a luz teve origem no lançamento do foguete chinês Long March 7A, ocorrido por volta das 19h40 (horário de Brasília).
Marcelo, que também é diretor da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon), informou à reportagem da FolhaBV que o lançamento ocorreu a partir do Centro de Lançamento de Wenchang, na China, e que o veículo espacial transportava os satélites Shijian-29A e Shijian-29B.
“Cerca de 50 minutos após o lançamento, o estágio superior do foguete passou sobre a América do Sul, tornando-se visível em diversas regiões do Brasil, incluindo o extremo Norte do país”, acrescentou.
Pluma
Segundo o especialista, o que foi observado no céu é conhecido como pluma, um Fenômeno Crepuscular, também chamado de Jelly Fish Effect. Após a liberação dos satélites em órbita, o estágio do foguete realiza um procedimento padrão de segurança, que consiste no descarte do combustível remanescente, conhecido como dump.
“Esse combustível é expelido no vácuo e se expande rapidamente, formando uma grande nuvem de gás. Como o foguete ainda estava iluminado pelo Sol, mesmo com a noite já estabelecida na Terra, a luz solar refletiu nessa nuvem, criando o brilho intenso e o formato incomum”, explicou Domingues.
O efeito visual, segundo o astrônomo, pode lembrar um cometa, uma nebulosa ou figuras simbólicas, o que contribuiu para a interpretação popular de um fenômeno sobrenatural. No entanto, ele reforça que se trata de um procedimento rotineiro em missões espaciais.
“É um evento comum do ponto de vista técnico, mas raro de ser observado a olho nu. Quando ocorre durante o crepúsculo, acaba produzindo imagens impressionantes”, concluiu.
