Para 2026 precisamos escolher que futuro queremos: mais Educação ou mais prisão
Estudo aponta que quanto menos escolas mais pessoas encarceradas numa sociedade (Foto: Divulgação)

Já dizia o antropólogo e educador mineiro Darcy Ribeiro em 1982 durante uma conferência: “Se os governantes não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios”. Esta fala veio bem a calhar a respeito da entrevista do governador Antonio Denarium na manhã de domingo, no programa Agenda da Semana, da Rádio Folha, que ao fazer um balanço sobre sua gestão em 2025.

Ao comentar sobre a crise migratória venezuelana, que contribui sobremaneira com o aumento populacional de Roraima, Denarium citou como prioridade a necessidade de ampliação do sistema prisional. De fato, a criminalidade avanço sobre o Estado, especialmente diante do fortalecimento de facções criminosas, incluindo os faccionados venezuelanos. No entanto, a construção ou ampliação de presídios significa combate apenas os efeitos da criminalidade, e não as verdadeiras causas.

Caminhando para os últimos dois anos do segundo mandato, enfrentando quatro cassações, o governador conseguiu alcançar o fato inédito de não ter construído nenhuma nova escola no Estado, enquanto o crime organizado se fortalece, com facções impondo sua força e suas próprias leis na Capital e no interior. Logo, poderia surgir o questionamento: mas o que tem a ver escolas com a criminalidade?  

A resposta vem a partir de um estudo realizados pelos economistas Lochner e Moretti ainda em 2001, o qual chegou à conclusão de que a Educação traz mais segurança para o País,  pois um ano a mais de estudo tende a reduzir a taxa de aprisionamento da população em 11% a 16%. Ou seja, quanto mais escolas com educação de qualidade, menos uma sociedade necessitará prender pessoas por cometimento de crimes.

O ano de 2025 chegou ao fim, o que significa que, neste novo ano de 2026, a Educação precisa ser tratada como prioridade absoluta como um dos remédios para enfrentar os problemas que advém da criminalidade. A começar com a construção de mais escolas no Estado, não só na Capital, mas nos municípios do interior e comunidades indígenas.

Para se ter uma ideia desse grande problema, entre os anos de 2019 e 2025, cerca de 200 escolas foram encerradas em Roraima, conforme dados do Anuário da Educação 2025. Para ser mais exato, foram 194 escolas fechadas nesse período, um dado preocupante diante de vários escândalos que ocorreram na Educação no mesmo período.

O Ranking de Competitividade dos Estado é outro termômetro sobre esse abismo: Roraima ficou na 23ª colocação no pilar de Educação, colocando-se entre as piores estruturas de ensino do país, cujo levantamento levou em conta a avaliação de critérios como frequência escolar, qualidade do ensino fundamental e médio e o Índice de Oportunidades da Educação Brasileira (IOEB).

Não se pode ocultar esses preocupantes dados nem o fato de que quase duas centenas de escolas foram fechadas no período de seis, enquanto nenhuma nova escola foi construída. Menos escolas significa mais pessoas encarceradas, consumindo recursos públicos que poderiam estar sendo aplicados na própria Educação e outros setores importantes para o bem coletivo.  Para 2026 precisamos escolher que futuro queremos para Roraima: Educação ou prisão?

*Colunista

[email protected]