Dados são do painel de monitoramento do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
Dados são do painel de monitoramento do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

O Disque 100, canal nacional de denúncia de violações de direitos humanos, encerrou o ano de 2025 com 2.248.408 atendimentos de janeiro à 30 de novembro de 2025. Os atendimentos são realizados nos canais do serviço, realizados por meio de atendimento telefônico, WhatsApp, Telegram, chat, videochamada em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e e-mail.

Em Roraima, no mesmo período, foram realizados 838 atendimentos pelo disque 100. Os dados são do painel de denúncias feito pelo Ministério de Direitos Humanos e Cidadania.

Número de denúncias e violações

Ao longo de 2025, até o dia 14 de dezembro, o Disque 100 contabilizou 617.837 denúncias, registradas em todo o território nacional, e 4,4 milhões de violações de direitos humanos, o que evidencia que uma única denúncia pode reunir múltiplas violações associadas.

Em comparação, 2024 registrou mais de 650,4 mil denúncias, com 4,3 milhões de violações de direitos humanos.

Perfil das vítimas

Os dados de 2025 revelam que as principais vítimas de violações de direitos humanos registradas pelo Disque 100 concentram-se, sobretudo, entre pessoas idosas, crianças e adolescentes, evidenciando a maior vulnerabilidade desses grupos.

Entre as pessoas idosas, os maiores volumes de registros envolveram indivíduos de 70 a 74 anos (30.814 ocorrências), 80 a 84 anos (28.784) e 75 a 79 anos (28.038), seguidas das faixas de 65 a 69 anos (23.850) e 60 a 64 anos (22.796). Também se destacam os registros envolvendo vítimas com 85 a 89 anos (18.533) e 90 anos ou mais (14.313), além de casos em que a idade da pessoa idosa não foi informada (5.368).

No grupo de crianças e adolescentes, os registros aparecem de forma expressiva em diversas idades específicas, com destaque para crianças de 7 anos (18.747 casos), 5 anos (18.639), 10 anos (18.412), 6 anos (18.208) e 12 anos (17.935), além de ocorrências envolvendo crianças de 4 anos (17.761), 8 anos (17.922), 3 anos (16.621), 9 anos (16.203) e 13 anos (15.831). Também foram registrados casos envolvendo recém-nascidos de até 28 dias (947), crianças de até 1 ano (10.197) e bebês de 1 ano (10.984). Há, ainda, 21.169 registros em que a vítima foi identificada como criança ou adolescente, mas com idade não informada.

Entre os adultos, os dados indicam volumes relevantes nas faixas de 30 a 34 anos (21.349 registros), 40 a 44 anos (21.154), 35 a 39 anos (19.798) e 45 a 49 anos (18.535), além de ocorrências entre pessoas de 25 a 29 anos (14.004), 20 a 24 anos (12.454), 50 a 54 anos (15.219) e 55 a 59 anos (12.794). Também aparecem registros envolvendo jovens de 18 a 19 anos (9.808) e adolescentes de 15 a 17 anos, com destaque para 15 anos (13.310), 16 anos (11.380) e 17 anos (7.462). Os dados reforçam a necessidade de políticas públicas integradas e especializadas para a proteção de grupos em situação de maior vulnerabilidade.

Perfil do agressor

Em relação ao perfil do agressor, os registros apontam forte incidência de pessoas com vínculo próximo à vítima, como familiares ou integrantes do convívio cotidiano. Também aparecem situações em que a própria vítima realiza o registro, além de casos envolvendo pessoas que moravam na mesma residência, ainda que sem laço familiar direto.

Principais violações registradas

Entre as dez espécies de violações de direitos humanos mais recorrentes registradas pelo Disque 100 em 2025, destacam-se a negligência contra a integridade da vítima, com 632.657 registros, seguida da exposição da integridade física a risco à saúde, que somou 515.864 ocorrências, e da tortura psíquica, com 476.924 registros.

Também aparecem entre as violações mais frequentes os maus-tratos físicos, contabilizados em 366.682 casos, a insubsistência afetiva, com 331.332 registros, o constrangimento psíquico, com 245.861 ocorrências, e a exposição psíquica a situações degradantes, que reuniu 229.046 registros. Os dados evidenciam a persistência de violações associadas à violência continuada, sobretudo em contextos familiares e institucionais.

Distribuição territorial das denúncias

A distribuição territorial das denúncias em 2025 indica maior concentração de registros em unidades da federação com maior densidade populacional. O estado de São Paulo liderou o ranking, com 167.546 denúncias, seguido por Rio de Janeiro, com 71.932, e Minas Gerais, com 70.229 registros. Na sequência aparecem Rio Grande do Sul, com 34.772 denúncias, Bahia, com 30.958, Paraná, com 26.098, Pernambuco, com 24.365, e Santa Catarina, com 23.561 registros.

No recorte municipal, os maiores volumes foram observados nas capitais e grandes centros urbanos, com destaque para São Paulo (47.167), Rio de Janeiro (26.724), Belo Horizonte (13.077) e Brasília (12.658).

Pessoas surdas ou com deficiência auditiva contam com atendimento especializado por videochamada em Língua Brasileira de Sinais (Libras), garantindo inclusão, acessibilidade e respeito à diversidade.

“O Disque 100 é um serviço confiável, com sigilo integral do denunciante e múltiplos canais de acesso, garantindo acolhimento e acessibilidade para toda a população”, conclui Franciely Loyze.

Segundo a coordenadora-geral do Disque 100, Franciely Loyze, o serviço se consolidou como instrumento central para o enfrentamento às violações de direitos humanos no país.

“Em 2025, o canal reafirmou seu papel estratégico como porta de entrada nacional para o registro e o encaminhamento de denúncias de violações de direitos humanos, contribuindo tanto para a proteção das vítimas quanto para a produção de informações qualificadas que orientam a atuação do Estado”, destaca.