
Mais de três mil pessoas visitaram o Museu Integrado de Roraima (MIRR) ao longo do último ano, número que marca a consolidação da visitação pública e reposiciona a instituição como espaço ativo de memória, educação e produção de conhecimento em Boa Vista. A maior parte do público é formada por estudantes da rede pública e privada.
Mesmo sem sede definitiva, o museu mantém funcionamento regular e agenda organizada para atender a procura. O espaço funciona ao lado da sede do Ia ter, dentro do Parque Anauá, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e também abre aos domingos, das 14h às 18h, com visitação espontânea
Para a diretora do MIRR, Elena Fioretti, o aumento do público está diretamente ligado à retomada do diálogo entre a instituição e a sociedade. “O museu não é depósito de coisa velha. Ele é o guardião do testemunho material da história”, afirmou.

Memória como experiência viva
Elena conta que o museu passou mais de 12 anos fechado ao público e isso provocou um distanciamento da sociedade, principalmente de jovens e adolescentes. Segundo a direção, têm sido comum ouvir de adolescentes que nunca haviam entrado em um museu. A reabertura e a ampliação das atividades buscaram enfrentar esse apagamento.
Atualmente a exposição em cartaz tem como tema central as savanas de Roraima, área que concentra grande parte das pesquisas desenvolvidas ao longo dos 40 anos da instituição. O acervo reúne estudos em flora, fauna, etnografia e história da ocupação do Vale do Rio Branco.
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Além de apresentar a produção científica acumulada pelo museu, a exposição propõe uma reflexão sobre as transformações recentes do território. “As savanas têm sofrido alterações muito severas, principalmente com o avanço do agronegócio. É uma paisagem que pode ser profundamente modificada em pouco tempo”, explicou a diretora.
Visitação escolar e educação patrimonial
A procura por visitas escolares levou o museu a adotar o agendamento prévio para grupos, especialmente em razão da limitação do espaço físico. Quando os grupos ultrapassam 40 pessoas, a visitação ocorre em formato de circuito cultural, envolvendo outros equipamentos públicos.
O roteiro inclui o Horto Municipal, a Escola de Música e o próprio museu, além das ruínas da antiga sede. “A gente mostra onde ficava cada ambiente do prédio antigo. As crianças conseguem identificar isso pelo chão. É uma forma de trabalhar a consciência patrimonial e mostrar que aquela história existiu”, destacou a diretora.


Museu como ponte entre ciência e sociedade
Para a direção, o papel do Museu Integrado vai além da preservação de acervos. A instituição atua como espaço de popularização da ciência e de aproximação entre a produção acadêmica e a sociedade.
“O museu produz conhecimento e precisa divulgar esse conhecimento. Ele não pode ficar restrito a arquivos, teses ou bibliotecas. Ele precisa estar disponível para a sociedade”, afirmou Elena.
Segundo ela, o contato com os objetos e registros históricos desperta memórias individuais e coletivas, especialmente entre pessoas mais velhas, e também promove o encontro com outras culturas. “É um espaço de reconhecimento e de estranhamento. Quando você não se reconhece, nasce o interesse em conhecer o outro“.

Com fluxo crescente de visitantes, o Museu Integrado de Roraima planeja ampliar gradualmente o atendimento, especialmente em fins de semana, feriados e períodos de férias, com atividades educativas e culturais.