O método de cozimento com azeite também influencia na preservação dos nutrientes (Foto: Raisa Carvalho)
O método de cozimento com azeite também influencia na preservação dos nutrientes (Foto: Raisa Carvalho)

Um estudo publicado no periódico científico Frontiers in Nutrition voltou a colocar o azeite de oliva extravirgem no centro do debate sobre alimentação saudável e controle do peso. Pesquisadores italianos analisaram dados de 16.273 adultos que responderam a um questionário online com informações sobre idade, peso, circunferência da cintura, índice de massa corporal (IMC), hábitos alimentares e estilo de vida.

A análise identificou uma associação relevante: participantes que relataram consumo mais frequente de azeite de oliva extravirgem apresentaram, em média, menores medidas de circunferência abdominal em comparação com aqueles que consumiam o produto com menor regularidade. O achado reforça evidências anteriores que relacionam padrões alimentares de melhor qualidade a indicadores metabólicos mais favoráveis.

Apesar do destaque dado ao azeite, os próprios autores e especialistas alertam para a necessidade de cautela na interpretação dos resultados. A pesquisa não estabelece uma relação de causa e efeito, ou seja, não é possível afirmar que o consumo de azeite, isoladamente, seja responsável pela redução da gordura abdominal. Outros fatores, como prática de atividade física, composição geral da dieta, nível socioeconômico e genética, podem ter influenciado os resultados observados.

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Do ponto de vista biológico, a associação é plausível. O azeite extravirgem é rico em ácidos graxos mono-insaturados, especialmente o ácido oleico, além de conter compostos antioxidantes conhecidos como polifenóis. Esses componentes estão ligados a efeitos positivos sobre o metabolismo das gorduras e à redução de processos inflamatórios, fatores que podem interferir na forma como o organismo armazena gordura corporal. Além disso, dietas tradicionalmente ricas em azeite de oliva, como a dieta mediterrânea, já foram associadas em estudos de longo prazo a menor risco de obesidade abdominal e melhor perfil metabólico.

O estudo, no entanto, apresenta limitações importantes. Os dados analisados foram auto-relatados, o que pode gerar imprecisões nas informações sobre peso, altura e hábitos alimentares. Além disso, o desenho observacional impede conclusões definitivas sobre o papel do azeite na redução da gordura abdominal.

Na prática, os resultados reforçam a recomendação de que o azeite extravirgem pode integrar uma alimentação equilibrada, especialmente quando utilizado como substituto de gorduras saturadas e óleos refinados. Ainda assim, trata-se de um alimento altamente calórico — cerca de 884 quilocalorias por 100 gramas — e seu consumo excessivo pode contribuir para o ganho de peso se não houver equilíbrio energético.

Especialistas destacam que, para efeitos reais sobre a gordura abdominal e a saúde metabólica, o azeite deve fazer parte de um conjunto de hábitos saudáveis, que inclua alimentação variada, controle de porções e prática regular de atividade física.