Estudantes da UERR afirmam que teletrabalho também teria sido motivado por risco de recolhimento de computadores

Acadêmicos afirmam que equipamentos alugados seriam retirados e que teletrabalho foi adotado sem participação discente, afetando o semestre

Após a adoção do teletrabalho pela Universidade Estadual de Roraima (UERR), estudantes procuraram a FolhaBV para relatar que a decisão pode ter sido motivada também por problemas estruturais internos. Eles afirmam que os computadores utilizados nas salas de aula, que são alugados por empresa terceirizada, estavam prestes a ser recolhidos por pendências contratuais, o que teria inviabilizado a continuidade das atividades presenciais. Segundo o representante discente, houve a informação de que os equipamentos não permaneceriam na instituição. “Os computadores da universidade são alugados e iriam ser recolhidos. Isso também influenciou na decisão pelo teletrabalho”, disse.

Os acadêmicos relatam preocupação com o impacto da mudança no fim do semestre, já que muitos cursos presenciais ainda estavam em andamento. Eles afirmam que foram surpreendidos com a migração repentina para o ensino remoto e temem prejuízo acadêmico. “Ainda tinha aula acontecendo e, de repente, todo mundo vai ter que fazer EAD sem ter escolhido isso”, declarou o aluno.

A insatisfação discente também envolve a forma como decisões vêm sendo tomadas na instituição. O estudante afirma que a UERR passou quase um ano sem representante dos alunos no Conselho Universitário, o que deixou o corpo discente completamente fora dos processos internos. “Ficamos quase um ano sem participação discente nenhuma, e decisões importantes foram tomadas sem ouvir os estudantes”, afirmou.

Outro ponto levantado é a mudança curricular prevista para 2026, que altera o formato das aulas presenciais. Os alunos dizem que não foram consultados sobre a transição de uma disciplina de quatro horas diárias para duas disciplinas de duas horas. “Isso mexe diretamente com a rotina do acadêmico, e ninguém perguntou se seria bom ou ruim”, disse o representante.

O discente avalia que a falta de diálogo tem sido um problema recorrente na UERR. Para ele, decisões que afetam diretamente o cotidiano acadêmico precisam ser debatidas com os alunos. “A universidade não é para a gestão, é para os estudantes. Se a gente não participa, não é democrático”, afirmou.

NOTA COMPLEMENTAR

, a UERR divulgou uma nota complementar afirmando que notificou formalmente a empresa BRS Serviços e Comércio para retomar imediatamente os serviços suspensos, classificados pela gestão como interrupção unilateral. A instituição informou ainda que comunicou o Ministério Público sobre a situação e que abriu apuração interna para verificar as razões da suspensão.

A universidade disse que poderá adotar medidas judiciais caso identifique descumprimento contratual por parte da terceirizada e reforçou que está tomando medidas emergenciais para manter o funcionamento dos serviços essenciais durante o período de teletrabalho.

A FolhaBV solicitou posicionamento da Reitoria, por meio da Secom, e aguarda retorno.