

Algo precisa ser feito para impedir que a prática do “tranca-rua” em Boa Vista continue prevalecendo. Por aqui, em acidentes diários e várias mortes, o trânsito caótico e perigoso é reflexo dessa cultura de não endurecer na fiscalização por ser um ato que desagrada a todos e também de conceder autorizações sem critérios para fechar o trânsito em vias importantes para escoamento do tráfico nas áreas centrais da cidade.
As igrejas são um dos exemplos. Elas dispõem de espaços amplos em seus templos, além de poderem utilizar ginásios públicos, parques e outros locais amplos para aglomerar seus fiéis. No entanto, as igrejas fecham as ruas e avenidas para realizar seus eventos importantes com aval das autoridades de trânsito. Enquanto isso, o Parque Anauá, o gigante mal utilizado, está lá sempre à espera de eventos.
Com a modinha que se tornaram as corridas de rua, não há mais dia, hora nem local para esses eventos. Fecham-se vias importantes a qualquer dia da semana, especialmente aos sábados e domingos. Tempos desses, fecharam até a Ponte dos Macuxi para uma corrida em um domingo, impedindo o tráfego de uma rodovia federal importante, a BR-401, além de deixar os moradores do bairro 13 de Setembro e do Cantá sem poder sair ou chegar em casa.
Não há o mínimo planejamento para se evitar os graves transtornos com o fechamentos de vias públicas. A interdição da BR-401 foi o cúmulo do desrespeito com a população que utiliza essa rodovia federal para passear na Guiana ou nas diversas localidades no Cantá, como sítios, fazendas, balneários públicos, comunidades indígenas, assentamentos e outras.
Neste domingo, dia da realização do vestibular da Universidade Federal de Roraima (UFRR), uma corrida de rua realizada logo cedo da manhã interrompeu o tráfego da principal via responsável por deslocamento da população, que é a Avenida Ene Garcez, além de várias ruas adjacentes. Quem achou que encontraria um tráfego tranquilo em um domingo de manhã acabou passando por sérios transtornos, com risco de chegar atrasado para os locais de prova do vestibular.
O vestibular da UFRR é um evento importante e que é planejado com muita antecedência. Portanto, as autoridades de trânsito deveriam ter essa precaução de negar autorizações para fechamento de vias nessas datas importantes. É necessário que tantos organizadores de corridas quanto as autoridades de trânsito tenham a responsabilidade de chegar as datas dos eventos a fim de evitar esse tipo de problema ocorrido no domingo.
Os vereadores bem que poderiam propor um projeto de lei ou um diálogo coletivo a fim de ordenar a realização de eventos que operam com base na “cultura do tranca-rua”, proibindo fechamento de vias importantes para o bom funcionamento do tráfego e o impedimento em datas que possam conflitar com vestibulares e outros eventos que mobilizam um grande número pessoas em deslocamento.
O que não pode é que autoridades continuem tolerando rachas e manobras perigosas em vias públicas, a exemplo da Avenida Ville Roy, além de corridas de rua e eventos religiosos que interrompam o tráfego em vias importantes para o bem coletivo das pessoas em deslocamento em datas e horários que grande movimentação.
*Colunista