(Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
(Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

O Núcleo de Investigação de Pessoas Desaparecidas (NIPD) da Polícia Civil de Roraima (PCRR) estaria funcionando com apenas dois servidores: um delegado e um agente carcerário para atender todas as ocorrências de desaparecimento no estado. O dado consta no memorando nº 1155/2025, de 7 de novembro mas divulgado nessa segunda-feira (17) pela comissão de Candidatos do Cadastro Reserva do Concurso da PCRR.

O número de efetivo é baixo quando comparado aos casos de desaparecidos no estado registrados neste ano. Ainda, segundo a divulgação, dados tabulados pelo Núcleo de Estatísticas e Análise Criminal da Polícia Civil contabilizou 406 desaparecidos de janeiro a outubro, sendo a maior parte tendo ocorrido em Boa Vista.

A quantidade de registros é próxima à disponibilizados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). Segundo o painel Sinesp, atualizado junto aos estados, no mesmo período foram registrados 483 desaparecidos em Roraima, cerca de dois casos por dia. A maioria dos registros de desaparecimento são de homens (249) e jovens entre 0 e 17 anos (259).

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Já de pessoas localizadas, Roraima registrou 223 pessoas encontradas, cerca de uma por dia. Sendo a maioria mulheres (113) e crianças e adolescentes (135).

Contraste com outras unidades

Enquanto áreas como homicídios, crime organizado e tráfico possuem equipes mais amplas e distribuídas, o núcleo responsável por essas ocorrências estaria operando no limite mínimo. De acordo com o memorando, a distribuição estrutural do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) é a seguinte:

Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)
• Delegacia Geral de Homicídios — 23 servidores
• Delegacia de Repressão às Organizações Criminosas (DROCO) — 7 servidores
• DHPP Geral — 4 servidores
• Núcleo de Desaparecidos (NIPD) — 2 servidores

A Comissão de Candidatos do Cadastro Reserva, que tornou público o memorando, afirma que o cenário gera “sobrecarga” e contribui para a “morosidade” das investigações.

“Como habitantes do Estado, ficamos preocupados com a sobrecarga de investigações com a qual um efetivo tão ínfimo tem que lidar, o que claramente resulta em morosidade de processos e de soluções”, diz a divulgação.

O grupo defende que o governo convoque os 120 aprovados para a Academia de Polícia, alegando que o reforço emergencial permitiria reequilibrar a distribuição de pessoal e ampliar a capacidade de resposta em ocorrências de desaparecimento.

A Comissão do Cadastro Reserva destacou ainda, que as aposentadorias dos policiais está em ritmo tão acentuado que os 200 policiais que ingressaram recentemente, na verdade, representam uma recomposição real de apenas 140 servidores.

O que diz a Polícia Civil

A Polícia Civil foi procurada para manifestação sobre os dados, e se pronunciou por meio da seguinte nota:

A Polícia Civil de Roraima informa que o Núcleo de Investigação de Pessoas Desaparecidas, integrado ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, estrutura que também abrange a Delegacia-Geral de Homicídios, vem passando por um processo contínuo de fortalecimento operacional.

Informa ainda que a unidade especializada atua exclusivamente na capital, enquanto os casos de desaparecimento registrados nos demais municípios são investigados pelas delegacias de cada cidade.

Historicamente, a unidade operou com um número reduzido de servidores. No entanto, nos últimos meses, a instituição adotou uma série de medidas administrativas para recompor e ampliar o efetivo, garantindo maior capacidade de resposta às demandas relacionadas a desaparecimentos no Estado.

Atualmente, o NIPD conta com um delegado titular e mais quatro policiais, entre efetivos e servidores da União. No último dia 17, foi autorizado o reforço de mais dois integrantes provenientes do quadro da União.

As ações de gestão implementadas pela Delegacia-Geral têm garantido que todas as unidades especializadas, mesmo diante das limitações de efetivo que afetam forças de segurança em todo o país, mantenham condições adequadas de funcionamento. No DHPP, por exemplo, a integração entre a Delegacia-Geral de Homicídios e o NIPD possibilita apoio mútuo, ampliação da base investigativa e maior eficiência na condução das apurações.

O NIPD atua em regime de plantão diferenciado e dispõe de equipe empenhada em assegurar que a busca por pessoas desaparecidas e a elucidação dos casos ocorram com agilidade, precisão e compromisso com a população roraimense.