A imigração em Roraima está realmente muito preocupante. Mas ela não é nova no Brasil. Quando analisamos com parcimônia, vemos que problemas que nos preocupam e até torturam, atualmente, não são novidades e vêm nos torturando e preocupando há muito tempo. No meu livro, “O Caçador de Marimbondos”, há um capítulo com o título “Um Nordestino À Deriva”. Conto a história de um cidadão que encontrei numa rua de São Paulo. E isso mais ou menos lá pela década dos anos cinquentas. O nordestino em maus trapos, com roupas em frangalhos, abordou-me e perguntou como poderia chegar a tal destino. Depois que lhe indiquei que ele deveria pegar certo ônibus, ele me disse que pretendia ir a pé, porque não tinha dinheiro para o ônibus. Contou-me que tinha acabado de fazer um teste para um emprego, mas que teria que voltar depois para saber do resultado. Passei certa quantia para ele pegar o ônibus, e nos separamos. Muito tempo depois, certo dia eu ia por uma rua em São Caetano do Sul. Um cidadão em maus trapos, me abordou e me perguntou por onde deveria ir, para pegar o trem para São Paulo. Claro que identifiquei o cara. Mas ele não me reconheceu. Perguntei se ele tinha dinheiro para o trem. Ele me olhou desconfiado e disse que tinha. Indiquei o caminho e ele saiu me olhando como se estivesse me reconhecendo.
Precisamos ver com mais clareza o problema da migração. Porque o problema é terrível, tanto para o que emigra, como para o que imigra. E também para quem o recebe. O que não é fácil para acolher. Mas não haveria aprendizado se não existissem problemas. E cabe a todos nós estarmos de olhos abertos para o problema. É importante que estejamos preparados para a convivência. Que é quando sabemos nos situar diante do problema que nem sempre é visto como um simples problema. Mas para podermos analisar, precisamos estar preparados. E o poder público, com prioridade. Receber imigrantes não é tão simples assim. Aquele nordestino a quem ajudei simplesmente, era um brasileiro, mudando do Nordeste para São Paulo, em busca de uma vida melhor. O que era muito difícil naquela época. O que continua difícil, hoje, para os imigrantes de outros países. Vamos, no poder público, preparar bem a peneira, para evitarmos o inválido. Afinal somos um País acolhedor, mas que deve se cuidar para o respeito dos que chegam. E nós, aprendizes de cidadãos, devemos fazer nossa parte, como cidadãos. Vamos nos cuidar e fazer o que realmente devemos fazer para vencermos o descaso. Pense nisso.
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