(Créditos: iStock/ knape)
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A busca global por medicamentos para perda de peso apresentou um crescimento significativo nos últimos anos, tem movimentado bilhões de dólares e transformou o setor farmacêutico em um dos mais lucrativos da atualidade.

O tamanho do mercado global de medicamentos antiobesidade foi avaliado em US$ 4,51 bilhões em 2023, e deve crescer de US$ 6,15 bilhões em 2024 para US$ 37,94 bilhões em 2032, exibindo um CAGR de 25,5% durante o período de previsão (2024-2032), segundo dados da Fortune Business Insights.

Mas, por trás do apelo das redes sociais e das estratégias de marketing, há uma série de dúvidas e riscos que precisam ser considerados.

No Brasil, os remédios para emagrecer estão entre os medicamentos mais procurados, tanto em consultórios quanto no mercado online. Porém a popularização dessas substâncias vem acompanhada de alertas de especialistas sobre riscos à saúde e uso indevido. Perder peso com segurança envolve mais do que apenas a ação de uma pílula: requer acompanhamento médico, reeducação alimentar e mudanças de hábitos.

Principais dúvidas sobre o uso de medicamentos para emagrecer

Apesar da popularidade, ainda há muita desinformação sobre como os remédios para emagrecer agem no organismo e quais são suas reais indicações.

Quem pode usar medicamentos para emagrecer?

Esses fármacos são indicados para pessoas com índice de massa corporal (IMC) acima de 30, ou a partir de 27, quando há doenças associadas, como diabetes tipo 2, hipertensão e apneia do sono. O tratamento deve ser prescrito por um médico, geralmente endocrinologista, após avaliação clínica e exames.

Todos os medicamentos funcionam da mesma forma?

Não. De acordo com a endocrinologista Dra. Melissa de Oliveira, em artigo publicado em seu site, há diferentes mecanismos de ação, como supressores de apetite, que reduzem a fome por meio de alterações em neurotransmissores; inibidores de absorção de gordura, que agem no trato gastrointestinal; medicações que regulam glicose e metabolismo, utilizadas originalmente no tratamento de diabetes; terapias hormonais e injetáveis, indicadas em casos específicos sob rigoroso controle médico.

Cada tipo tem efeitos e riscos distintos, e o uso sem orientação pode levar a problemas cardíacos, insônia, ansiedade e alterações hormonais.

É seguro comprar pela internet?

Segundo o portal Tua Saúde, o comércio ilegal de medicamentos para emagrecer é uma das principais causas de intoxicações e reações graves. Muitos produtos vendidos como “naturais” podem conter substâncias sintéticas não declaradas e proibidas pela Anvisa. Por isso, o cuidado com a compra desses produtos online deve ser redobrado.

O que acontece ao interromper o tratamento?

O uso inadequado pode causar o chamado “efeito sanfona”. Quando a medicação é interrompida sem acompanhamento, o organismo tende a recuperar o peso perdido rapidamente. Dessa forma, é recomendado que o tratamento farmacológico seja parte de um plano mais amplo de mudança de estilo de vida.

De acordo com análise da Universidade do Texas, traduzida pelo UTSW Medical Center, as medicações são ferramentas auxiliares, e não soluções isoladas. O controle de peso eficaz depende da combinação entre medicamento, dieta equilibrada e atividade física.

Como usar de forma segura?

O uso de medicamentos para emagrecer deve ser sempre individualizado, não existindo “receita padrão”, pois o metabolismo, as condições clínicas e os objetivos variam entre pacientes.

Os principais cuidados envolvem:

  • acompanhamento médico constante, especialmente com endocrinologista;
  • avaliação prévia de histórico de doenças, como pressão alta e transtornos de ansiedade;
  • monitoramento de efeitos colaterais, incluindo alterações no sono e no apetite;
  • interrupção gradual, conforme orientação profissional;
  • associação com mudanças no estilo de vida, incluindo alimentação saudável e prática regular de exercícios.

Essas medidas ajudam a reduzir os riscos e aumentam a eficácia do tratamento, que deve ser sempre visto como suporte, e não como solução definitiva.

Acompanhamento médico e rotina saudável

O uso de qualquer remédio para emagrecer deve ser recomendado por um médico. Isso garante que o fármaco seja adequado às condições clínicas de cada pessoa e evita complicações sérias, desde distúrbios metabólicos até dependência química. Além disso, apenas profissionais podem avaliar a necessidade de manutenção, troca ou suspensão do medicamento.

Para quem busca emagrecimento sustentável, o medicamento pode ser um aliado temporário, mas o verdadeiro sucesso vem da mudança de hábitos. A perda de peso saudável acontece gradualmente, com acompanhamento multiprofissional e metas realistas.

Os medicamentos para emagrecer podem ser eficazes em determinados casos, mas o uso indiscriminado traz riscos significativos. Antes de recorrer a qualquer pílula, é fundamental buscar orientação médica e compreender que não há atalhos seguros no processo de cuidar do corpo e da saúde.