Entre 2000 e 2022, número de famílias chefiadas por mulheres mais que dobra no Brasil

A composição das famílias brasileiras mudou significativamente nas últimas duas décadas. Dados dos Censos Demográficos do IBGE mostram que, entre 2000 e 2022, a proporção de famílias chefiadas por mulheres mais que dobrou, passando de 22,2% para 48,8%. No mesmo período, o percentual de famílias sob responsabilidade de homens caiu de 77,8% para 51,2%.


O que significa “família chefiada por mulher”

De acordo com o IBGE, o termo “pessoa responsável pelo domicílio” — popularmente conhecido como “chefe de família” — se refere à pessoa declarada como responsável pela residência, seja por ser a principal provedora, proprietária do imóvel ou aquela que toma as decisões principais no domicílio. Isso significa que uma mulher pode ser considerada chefe da família mesmo vivendo com cônjuge ou outros parentes, caso seja ela a referência formal do lar.


Fatores que explicam a mudança
O aumento da presença feminina como responsável pelos domicílios reflete transformações culturais e sociais profundas. O maior ingresso das mulheres no mercado de trabalho, o avanço da escolaridade, especialmente no ensino superior, e a redução da fecundidade estão entre os principais fatores que explicam essa transformação.
Entre 2000 e 2022, o percentual de responsáveis por famílias sem instrução ou com ensino fundamental incompleto caiu de 66,1% para 34,7%, enquanto o número de responsáveis com ensino superior completo subiu de 6,3% para 17,4%. Esses dados indicam que o aumento da escolaridade também contribuiu para a ampliação da autonomia feminina dentro dos lares.


Cenário na Região Norte e em Roraima

Na Região Norte, o avanço da chefia feminina também é expressivo. Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, cerca de 83% dos lares beneficiados pelo programa Auxílio Brasil em 2022 tinham mulheres como responsáveis familiares. O índice está acima da média nacional e revela a importância da mulher como provedora em contextos de maior vulnerabilidade econômica.
Em Roraima, embora o Censo 2022 ainda não tenha divulgado recorte detalhado por estado sobre chefia feminina, estimativas regionais apontam que o estado segue a tendência nacional de crescimento. Nos anos 2000, aproximadamente 18,8% das famílias da Região Norte eram chefiadas por mulheres; em 2022, esse número se aproxima de metade dos lares.


Transformação social
O crescimento das famílias chefiadas por mulheres evidencia uma mudança estrutural na sociedade brasileira. A figura feminina passou a ocupar um papel central não apenas nas decisões domésticas, mas também na sustentação econômica da casa. Esse avanço, no entanto, também traz desafios, como a dupla jornada de trabalho, a desigualdade salarial e a maior responsabilidade em contextos de vulnerabilidade social.