Consumo excessivo de alimentos ultraprocessados atrapalha seu organismo (Foto: Divulgação)
Consumo excessivo de alimentos ultraprocessados atrapalha seu organismo (Foto: Divulgação)

Em apenas algumas semanas, o que parecia ser uma alimentação “normal” pode revelar efeitos negativos no corpo quando se dá prioridade a alimentos ultraprocessados. Um estudo recente publicado pela revista Cell Metabolism mostrou que dietas compostas majoritariamente por esse tipo de produto desencadeiam, em curto prazo, alterações metabólicas prejudiciais à saúde, mesmo quando o consumo calórico permanece o mesmo.

Mas afinal, o que são esses alimentos? Eles passam por diversas etapas industriais e contêm ingredientes que não costumam estar presentes na cozinha de casa, como emulsificantes, corantes, aromatizantes e adoçantes artificiais. Costumam ter textura, sabor e prazo de validade muito diferentes dos alimentos naturais. Entram nessa categoria as refeições prontas, salgadinhos, biscoitos recheados, refrigerantes e pães industrializados.

No estudo, 40 adultos foram acompanhados durante três semanas com uma dieta composta por mais de 75% de alimentos ultraprocessados. Depois, seguiram para um período de limpeza metabólica e, em seguida, mais três semanas com uma dieta de alimentos minimamente processados.

Em outra etapa, os papéis foram invertidos para garantir a precisão dos resultados. O total de calorias era o mesmo em ambas as fases, mas os efeitos foram distintos. Durante a dieta ultraprocessada, os participantes ganharam, em média, 1,5 quilo, quase todo em gordura corporal, mesmo sem comer mais.

Os pesquisadores também observaram mudanças hormonais e metabólicas, como queda nos hormônios ligados ao gasto de energia, desequilíbrio nos lipídios e até redução na motilidade espermática entre os homens que consumiram mais alimentos processados e calóricos. Uma das hipóteses levantadas é que contaminantes presentes nas embalagens, como ftalatos e substâncias per e polifluoroalquil, podem contribuir para esses efeitos negativos.

Esses resultados reforçam o que outras pesquisas já indicavam. Uma análise sistemática revelou que dietas com mais produtos industrializados estão associadas a 50% mais risco de doenças cardíacas fatais e 12% mais risco de diabetes tipo 2. Pesquisas também ligam o consumo frequente desses alimentos a maior incidência de depressão e ansiedade.

Saiba como substituir os ultraprocessados na sua alimentação

Essas evidências mostram que o nível de processamento dos alimentos importa tanto quanto as calorias. A boa notícia é que pequenas substituições no dia a dia podem reduzir o impacto negativo da dieta sem exigir mudanças drásticas. No café da manhã, vale trocar cereais industrializados por aveia com banana e nozes. Para o lanche, frutas frescas ou iogurte natural com granola são boas opções no lugar de biscoitos recheados.

No almoço e no jantar, priorize alimentos minimamente processados, como arroz integral, feijão, legumes, carnes grelhadas e saladas, evitando pratos prontos de micro-ondas, embutidos e molhos industrializados. E nas bebidas, a troca de refrigerantes por água, chás naturais ou sucos feitos na hora é sempre bem-vinda.

Na hora das compras, ler o rótulo é essencial. Ingredientes como xarope de milho, maltodextrina, gordura hidrogenada, emulsificantes ou corantes artificiais em destaque indicam que o produto é ultraprocessado. Quanto mais simples e reconhecíveis forem os ingredientes, melhor. Preparar mais refeições em casa também é uma forma eficaz e sustentável de cuidar da alimentação.

Os resultados das pesquisas são claros: uma dieta rica em alimentos ultraprocessados pode causar impactos visíveis em poucas semanas. Mesmo que não seja possível eliminá-los totalmente da rotina, reduzir o consumo e dar prioridade a alimentos frescos é um passo realista e eficaz para melhorar o metabolismo, o bem-estar mental e a saúde a longo prazo.