Foto: Nilzete Franco/FolhaBV
Foto: Nilzete Franco/FolhaBV

Entre o som dos tambores e o aplauso do público, a Arena do Rodeio da Expoferr 2025 se transformou, nesta quarta-feira (5), em um espaço de inclusão e superação. O Paratambor, modalidade adaptada das provas equestres, emocionou quem acompanhou a disputa entre atletas com deficiência de diferentes estados da Região Norte. Mais do que competição, o momento simbolizou o resultado de um trabalho que une esporte, reabilitação e convivência por meio da equoterapia.

O presidente da Associação de Equoterapia, Marcelo Cordeiro, acompanhou de perto cada passagem pela pista e definiu o sentimento coletivo em uma frase: “Toda competição é um dia de superação para esses meninos”. Segundo ele, “o cavalo não só para o tratamento, que é garantido por lei, mas também como instrumento de inclusão. É bonito ver famílias atípicas e não atípicas juntas, torcendo pelos nossos competidores”.

Marcelo Cordeiro, presidente da Associação de Equoterapia. Foto: Nilzete Franco/FolhaBV

Marcelo explicou que a associação atua em quatro estados: Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima; e destacou o avanço roraimense na execução da Lei 13.830, que garante o acesso gratuito à equoterapia.

“Roraima é o único estado que cumpre integralmente a lei. O trabalho feito aqui serve de exemplo para o restante do país. Hoje, temos atletas já em processo de classificação funcional e prontos para representar seus estados em competições nacionais, e, quem sabe, internacionais”, completou.

Do treino ao primeiro lugar

Entre os competidores, histórias de esforço e transformação se misturam. O atleta Murilo Eduardo, da categoria C, conquistou o primeiro lugar na prova e dedicou a vitória aos treinadores que o acompanham desde a infância.

“A gente treina desde os sete anos de idade. É um trabalho muito grande. Agradeço ao meu professor Ito, ao Mauro e ao Marcelo, lá do Acre, que vêm me acompanhando desde pequeno. Ganhar aqui hoje é uma realização enorme”, contou o jovem, que também já foi campeão na Expoacre, com o tempo de 19,750 segundos.

Murilo Eduardo, primeiro lugar na categoria C do paratambor. Foto: Nilzete Franco/FolhaBV

A emoção também estava nas arquibancadas. Elisabeth Nogueira, mãe do competidor Lucas Nogueira, falou sobre o impacto da equoterapia na vida do filho e na rotina da família.

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“O Lucas começou o processo de equoterapia no centro de Roraima e depois passou a participar do Paratambor. Hoje, ele é atleta e faz parte do projeto Eu Acredito, com apoio do Haras HSA. O resultado é nítido: ele conversa mais, tem amigos e se sente parte de um grupo. Isso é inclusão de verdade”, contou emocionada.

Lucas ficou em segundo lugar na categoria C, resultado que, segundo a mãe, representa não apenas uma conquista esportiva, mas também um símbolo de autonomia e pertencimento. “Esses projetos mostram que o limite, na verdade, não existe. O que existe é oportunidade, e é isso que a equoterapia traz”, disse.

Elisabeth Nogueira, mãe de Lucas, que ficou em segundo lugar na mesma categoria. Foto: Nilzete Franco/FolhaBV
Lucas no momento da competição. Vídeo: arquivo pessoal/Elisabeth Nogueira

Inclusão e visibilidade

A atividade contou com a participação de oito competidores roraimenses e atletas convidados dos estados do Acre, Rondônia e Amazonas, que fazem parte da rede de centros de equoterapia vinculados à associação e ao projeto Eu Acredito. O grupo tem o objetivo de ampliar o acesso à prática em todo o país, transformando a relação com o cavalo em instrumento de desenvolvimento físico, emocional e social.

Além de promover inclusão, o Paratambor tem revelado talentos e despertado o interesse do público pela modalidade adaptada. O uso do cavalo, tradicionalmente associado à terapia, ganha novas dimensões dentro da arena, tornando-se símbolo de protagonismo e visibilidade para pessoas com deficiência.

“A cada prova, eles baixam seus tempos. Eu sou competidor há oito anos e já tem atleta fazendo tempo melhor que o meu”, brincou Marcelo, com orgulho.

A prova de Paratambor integrou a programação oficial da Expoferr 2025, que segue até sábado (8), no Parque de Exposições Dandãezinho.