
O Senado Federal instala nesta terça-feira (4) a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, em um momento em que o tema da segurança pública domina o debate nacional. A decisão ocorre dias após a operação do governo do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho (CV) nos Complexos da Penha e do Alemão, que deixou 121 mortos e reacendeu a pressão por respostas do poder público sobre o avanço das facções e milícias no país.
A CPI, que terá prazo de 120 dias, tem como foco investigar a estrutura e a expansão de organizações criminosas — como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o próprio Comando Vermelho —, além das fontes de financiamento, mecanismos de lavagem de dinheiro e o domínio territorial e prisional exercido por esses grupos.
O colegiado também pretende apurar conexões regionais e transnacionais, a infiltração do crime organizado em instituições públicas e propor mudanças legislativas que possam fortalecer o combate à criminalidade estruturada.
Pressão política e composição estratégica
Criada em junho, a CPI só agora inicia seus trabalhos, após meses de impasse político e articulações de bastidores. A recente operação no Rio e sua repercussão nacional aceleraram o processo, levando governo e oposição a escalarem senadores de peso para compor o grupo.
Desafios da CPI
Entre os principais desafios da CPI está o de romper a barreira do sigilo financeiro e das conexões políticas das organizações criminosas, que segundo especialistas, vão muito além dos presídios e periferias. A comissão também deve se debruçar sobre a atuação das milícias, que ampliaram seu poder econômico e político em diversos estados.
A expectativa é que, nas próximas semanas, sejam convocados representantes das forças de segurança, do sistema penitenciário e de órgãos de inteligência, além de ministros do governo federal e autoridades estaduais.