
T.F.N., de 30 anos, apontado como responsável por praticar repetidas importunações sexuais em ônibus urbanos de Boa Vista, foi preso em uma parada de ônibus de uma linha que passa pelo bairro Laura Moreira, nessa segunda-feira, 3. A prisão foi efetuada por policiais civis, em cumprimento à decisão da Vara de Crimes Contra Vulneráveis.
As investigações vinham sendo presididas pelo delegado Guilherme Peres e tiveram início em agosto de 2024, quando a Polícia Civil começou a receber os primeiros relatos de mulheres vítimas do suspeito dentro de ônibus coletivos. Ao longo dos meses seguintes, surgiram novas denúncias, revelando que o investigado mantinha um padrão reiterado de conduta.
“Ele se aproximava de mulheres desacompanhadas e utilizava uma pasta preta como barreira para encobrir toques de natureza libidinosa”, detalhou o delegado.
Conforme os crimes iam sendo praticados, a Polícia Civil registrou cinco boletins de ocorrência por importunação sexual, todos na área em que o acusado reside. Além disso, há diversos registros de conflitos com moradores do bairro onde vive, incluindo vias de fato e desordens. Diante da reiteração das condutas e das múltiplas denúncias, o delegado representou pela prisão preventiva, que foi decretada pela Vara de Crimes Contra Vulneráveis, assegurando a proteção das vítimas e da sociedade.
Durante as diligências, diversas vítimas reconheceram formalmente o suspeito, relatando experiências semelhantes com riqueza de detalhes. A identificação também foi confirmada por imagens de câmeras de segurança dos coletivos e pelo cruzamento de dados da bilhetagem eletrônica, reforçando a consistência do modus operandi do investigado.
Um episódio agravante, segundo o delegado, ocorreu quando uma das vítimas conseguiu descer do ônibus para escapar da importunação, mas o suspeito desceu logo atrás e passou a persegui-la, aumentando o risco e o sentimento de medo. Para o delegado, esse episódio evidencia a possibilidade de evolução para crimes sexuais mais graves.
No momento da prisão, os policiais civis encontraram dentro da pasta do investigado uma faca e um frasco com vestígios de substância semelhante à maconha, reforçando o risco à integridade das vítimas.
O delegado esclareceu que o investigado alega possuir esquizofrenia, mas destacou que isso não o isenta da responsabilidade penal:
“Ninguém pode usar uma condição de saúde, real ou alegada, como escudo para continuar representando risco à sociedade. A Justiça analisou os elementos apresentados e autorizou a prisão preventiva, garantindo proteção às mulheres e prevenção de danos ainda maiores”, disse Peres.
O investigado já foi indiciado na Polícia Civil e denunciado pelo Ministério Público pelo crime de importunação sexual, previsto no art. 215-A do Código Penal, em concurso material. Outras possíveis vítimas estão sendo identificadas, e a PCRR orienta que qualquer mulher que tenha sido alvo do mesmo agressor procure o 4º DP ou outras unidades policiais para registro formal.
“A investigação foi detalhada e complexa, com relatos consistentes de vítimas descrevendo o mesmo modus operandi, incluindo o uso da pasta preta”, concluiu o delegado.
T. F. N. será apresentado na audiência de custódia nesta terça-feira, dia 04.
