
O líder eleito da oposição Azruddin Mohamed e o pai Nazar Mohamed, magnatas do ramo de mineração no País vizinho, foram soltos na tarde desta sexta-feira (31) horas após serem presos acusados pelos Estados Unidos de praticar contrabando de ouro, sonegação fiscal e crimes financeiros. Eles respondem a um processo de extradição do País norte-americano.
Os bilionários pagaram, cada um, fiança de 150 mil dólares guianenses, o equivalente a R$ 3,8 mil, após uma audiência de extradição no Tribunal de Magistrados de Georgetown.
A Corte também exigiu dos suspeitos a entrega dos passaportes e apresentação obrigatória à Delegacia de Polícia de Ruimveldt às sextas-feiras, a partir de 7 de novembro de 2025.
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Durante a audiência, a promotoria se opôs à fiança, descrevendo o pai e o filho como “representantes do risco de fuga”, dada a gravidade dos crimes e o pedido de extradição em andamento.
No entanto, a defesa dos acusados argumentou que o pedido de extradição era inconstitucional e estava fora da jurisdição do tribunal, afirmando que seus clientes nunca foram interrogados nem tiveram a oportunidade de se defender antes de serem presos.
Além disso, a defesa classificou o argumento do “risco de fuga” como infundado e observou que Azruddin Mohamed é o provável líder da oposição. Acrescentou, ainda, que pai e filho têm raízes profundas na Guiana e estão dispostos a cumprir todas as condições impostas pelo tribunal.

Na Guiana, Azruddin, de 38 anos, é conhecido como sucessor dos negócios do pai de 72 anos, fundador da empresa Mohamed’s Enterprise, especializada na exportação de ouro e câmbio. Nazar também é lembrado por atividades filantrópicas locais.
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Em junho de 2024, sob o Governo Biden, pai e filho foram alvos de sanções estadunidenses por supostos crimes de evasão fiscal e suborno relacionadas a exportação de ouro, o que impactou os negócios da família.
Em 2025, Azruddin criou o partido WIN (We Invest in Nationhood), que terminou na segunda colocação nas eleições presidenciais, resultado que o transformou em líder eleito da oposição, com a reeleição de Irfaan Ali, do PPP (Partido Popular Progressistas). A prisão ocorre três dias antes do empresário assumir o posto político.
Extradição para os EUA
A Procuradoria-Geral da República guianense confirmou à imprensa local que recebeu o pedido de extradição norte-americano nessa quinta-feira (30).
Os Mohameds enfrentam múltiplas acusações nos Estados Unidos, tornadas públicas em 6 de outubro de 2025 por um Grande Júri do Distrito Sul da Flórida.
A acusação inclui fraude eletrônica, fraude postal, lavagem de dinheiro, conspiração, cumplicidade e violações alfandegárias relacionadas a um suposto esquema de exportação de ouro e sonegação fiscal no valor de 50 milhões de dólares.
Segundo a acusação, entre 2017 e junho de 2024, eles supostamente conspiraram para fraudar o Governo da Guiana, sonegando impostos e royalties de exportação sobre mais de 10.000 quilos de ouro, utilizando declarações alfandegárias falsificadas e selos de exportação reutilizados.
A acusação também menciona uma tentativa de remessa de 5,3 milhões de dólares em ouro não declarado, apreendido no Aeroporto Internacional de Miami, e a subfaturação de um veículo de luxo avaliado em mais de 680 mil dólares.
As investigações conduzidas pelas autoridades americanas teriam começado em meados da década de 2010, com a cooperação policial com a Guiana datando de 2016 a 2017.
Em junho de 2024, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos sancionou os Mohameds e sua empresa, Mohamed’s Enterprise, citando alegações de evasão fiscal, lavagem de dinheiro baseada em comércio e contrabando de ouro.
Em março de 2025, as autoridades da Guiana receberam um dossiê completo de provas de seus homólogos americanos, no âmbito de acordos de assistência jurídica mútua, detalhando irregularidades na exportação de ouro, declarações alfandegárias falsificadas e remessas não declaradas apreendidas em Miami.