
Em meio à tensão com os Estados Unidos, a Venezuela afirmou ter capturado uma quantidade não divulgada de mercenários que atuavam sob orientação direta da CIA e do Comando Sul do País do presidente Donald Trump. O comunicado tem a assinatura de Delcy Rodríguez, vice-presidente da ditadura de Nicolás Maduro.
De acordo com o texto, o grupo planejava realizar um ataque de “falsa bandeira” em áreas próximas à fronteira marítima com Trinidad e Tobago, com o objetivo de gerar um confronto militar direto.
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“Identificamos que está em curso um ataque de falsa bandeira a partir de águas limítrofes com Trinidad e Tobago, ou dentro do próprio território trinitário-tobagense ou venezuelano, que gere um enfrentamento militar completo contra nosso País”, diz.
A nota classifica os exercícios militares conjuntos entre Trinidad e Tobago e os Estados Unidos como uma “provocação hostil” e uma “grave ameaça à paz do Caribe”. A declaração seria uma referência à chegada à região do navio de guerra norte-americano USS Gravely, contratorpedeiros de 154 metros de comprimento capaz de transportar 329 pessoas, dois helicópteros e equipado com sistema antimíssil e mísseis de ataque.
O governo venezuelano ainda acusou a primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar, de ter “renunciado à soberania nacional” e permitir o uso de seu território por tropas estrangeiras.
A nota compara o episódio às provocações históricas do Golfo de Tonkin e à explosão do navio USS Maine, usadas como justificativas para guerras dos Estados no Vietnã e em Cuba.
“O País não aceitará ameaças de nenhum governo vassalo dos Estados Unidos. A Força Armada Nacional Bolivariana permanecerá alerta e mobilizada em perfeita união popular, militar e policial”, diz o texto, que conclui reafirmando que a Venezuela defenderá “sua soberania e seu direito de viver em paz frente a inimigos estrangeiros e seus vassalos”.
O comunicado foi divulgado em meio a um contexto de escalada nas tensões entre Caracas e Washington. Nos últimos meses, o Governo Trump tem ameaçado o regime de Maduro e reforçado a presença militar norte-americana no Caribe, alegando combater o narcotráfico. Até o momento, os Estados Unidos destruíram 11 embarcações supostamente ligadas a narcotraficantes oriundos da Venezuela, com 49 mortes.
Repercussão em T&T
O Ministério das Relações Exteriores de Trinidad e Tobago evitou citar diretamente a acusação venezuelana, mas reforçou o alegado objetivo do navio de guerra à região. Ademais, disse que o governo trinitário valoriza o relacionamento com a Venezuela e reforçou o compromisso com o Caribe “para a criação de uma região mais segura, mais forte e mais próspera”.