A pesquisa mostrou que 28% dos brasileiros fumam cigarro, abaixo da média de 38% da América Latina, mas fumam mais (Foto: Arquivo Folha BV)
A pesquisa mostrou que 28% dos brasileiros fumam cigarro, abaixo da média de 38% da América Latina, mas fumam mais (Foto: Arquivo Folha BV)

Pela primeira vez em quase duas décadas, o número de fumantes no Brasil voltou a crescer, quebrando uma tendência histórica de redução do consumo de tabaco.

De acordo com dados preliminares divulgados pelo Ministério da Saúde, a proporção de adultos fumantes nas capitais brasileiras passou de 9,3% em 2023 para 11,6% em 2024, o que representa um aumento de 25% em apenas um ano.

O crescimento acende um alerta entre as autoridades de saúde e especialistas, que relacionam a alta à popularização de novos produtos derivados do tabaco, como os cigarros eletrônicos, conhecidos como vapes. Esses dispositivos, muitas vezes vendidos como alternativas “menos prejudiciais”, têm ganhado espaço especialmente entre adolescentes e adultos jovens.

Tabagismo volta a ser desafio de saúde pública

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o tabagismo uma pandemia global e a principal causa de morte evitável. Segundo a entidade, o uso do tabaco é responsável por cerca de 8 milhões de mortes por ano, incluindo aproximadamente 1,3 milhão de óbitos entre fumantes passivos, pessoas expostas à fumaça do cigarro.

O tabagismo está associado a mais de 50 tipos de doenças, entre elas problemas cardiovasculares, respiratórios e diversos tipos de câncer, como os de pulmão, laringe e bexiga. Além dos efeitos físicos, o cigarro provoca forte dependência química, dificultando o abandono do hábito.

Riscos para fumantes passivos

O aumento no número de fumantes também eleva a preocupação com o fumo passivo, que ocorre quando pessoas não fumantes inalam a fumaça produzida por terceiros. Esse tipo de exposição pode causar doenças crônicas respiratórias, cardiovasculares e aumentar o risco de câncer de pulmão, mesmo entre quem nunca fumou.

Cigarros eletrônicos e novos hábitos

Nos últimos anos, o uso de cigarros eletrônicos e dispositivos de tabaco aquecido cresceu rapidamente, especialmente entre os mais jovens. Apesar de a comercialização desses produtos não ser regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), eles continuam sendo vendidos em diferentes plataformas e pontos de venda no país.

Especialistas apontam que esses produtos contêm nicotina e outras substâncias tóxicas, capazes de gerar dependência e causar danos à saúde a longo prazo, semelhantes aos do cigarro tradicional.

Políticas públicas e prevenção

O Brasil é reconhecido internacionalmente por suas políticas de controle do tabaco, como o aumento de impostos sobre cigarros, a proibição da publicidade e a criação de ambientes livres de fumo. No entanto, o avanço de novos produtos e o acesso facilitado a dispositivos eletrônicos têm representado novos desafios para as ações de prevenção.

O Ministério da Saúde informou que pretende reforçar as campanhas de conscientização e ampliar o acesso aos programas de cessação do tabagismo oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que incluem acompanhamento médico e fornecimento gratuito de medicamentos auxiliares.