A comunidade Waimiri-Atroari deu mais um passo rumo à autonomia e à segurança em suas viagens fluviais. De 9 a 26 de setembro, lideranças locais organizaram, em parceria com a Corregedoria-Geral de Justiça do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR) e a Marinha do Brasil, o primeiro Curso de Marinheiro Amador Fluvial realizado dentro da Terra Indígena.
A iniciativa buscou capacitação técnica para garantir a segurança nas navegações e fortalecer o conhecimento tradicional sobre o rio Curiaú — eixo vital para o transporte e a vida comunitária.
O curso, ministrado por representantes da Capitania dos Portos da Amazônia Ocidental, reforçou o diálogo entre saberes tradicionais e técnicos. Segundo o líder Kabaha Paulo Waimiri, ver os jovens concluírem a formação foi motivo de orgulho:
“O pessoal jovem aprendeu, entendeu o curso. Fiquei muito emocionado. Esse conhecimento vai ficar com eles e com o nosso povo.”
O coordenador de educação da comunidade, Joanico Waimiri, destacou o impacto da parceria:
“Essa união com o Tribunal de Justiça e a Marinha abre caminhos. É o que permite que a gente tenha mais acesso e alcance o que buscamos.”
Desde 2017, o TJRR atua junto aos Waimiri-Atroari em ações de cidadania, documentação e acesso à Justiça, sempre com protagonismo das lideranças locais. Em 2021, foi inaugurado o Posto Avançado de Atendimento Judicial no Núcleo de Apoio Waimiri-Atroari (Nawa), ampliando o diálogo direto entre o Judiciário e o povo indígena.
O corregedor-geral de Justiça, desembargador Erick Linhares, ressaltou o papel das lideranças no processo:
“Eles são os protagonistas dessa transformação. O Tribunal atua apenas como ponte para fortalecer a autonomia e garantir direitos.”
Para os Waimiri-Atroari, o rio é mais que caminho — é parte da vida. O curso simboliza o encontro entre tradição e cidadania, mostrando que a formação técnica pode caminhar lado a lado com o conhecimento ancestral.