Os povos indígenas continuam sendo o grupo com menor rendimento médio mensal do país, segundo dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE. Enquanto o rendimento médio nacional foi de R$ 2.851, os trabalhadores indígenas receberam, em média, apenas R$ 1.683 — o menor valor entre todas as categorias de cor ou raça analisadas.
O levantamento mostra que 35,3% dos trabalhadores brasileiros ganhavam, em 2022, um salário mínimo (R$ 1.212) ou menos, e apenas 7,6% recebiam mais de cinco salários mínimos.
Mas, quando o recorte é feito por raça, as desigualdades tornam-se mais evidentes. Pessoas que se autodeclararam amarelas tiveram o maior rendimento médio (R$ 5.942), seguidas pelas brancas (R$ 3.659). Já entre pardos (R$ 2.186), pretos (R$ 2.061) e indígenas (R$ 1.683), os valores ficam bem abaixo da média nacional.
Desigualdade estrutural
A disparidade de renda entre grupos raciais e étnicos reflete desigualdades históricas no acesso à educação, à terra e às oportunidades de trabalho formal. Mesmo entre os que possuem nível superior completo, a diferença é expressiva: indígenas com ensino superior ganham, em média, R$ 3.799, enquanto trabalhadores brancos com o mesmo nível de escolaridade recebem R$ 6.547, e amarelos chegam a R$ 8.411.
Para especialistas, esses dados indicam que a educação, embora essencial, não é suficiente para eliminar as barreiras que limitam o acesso dos povos indígenas a empregos bem remunerados. Fatores como discriminação, falta de infraestrutura nas comunidades e sub-representação em cargos de liderança continuam influenciando o cenário.
Desigualdade também de gênero
A pesquisa também destaca as desigualdades por gênero: em 2022, os homens brasileiros ganharam, em média, R$ 3.115, valor 24,3% superior ao das mulheres (R$ 2.506). A diferença se acentua entre pessoas com ensino superior completo, em que os homens recebiam R$ 7.347, enquanto as mulheres, R$ 4.591.