O empresário Bruno Mendes de Jesus e o ouro apreendido com ele, avaliado em mais de R$ 60 milhões
O empresário Bruno Mendes de Jesus e o ouro apreendido com ele, avaliado em mais de R$ 60 milhões (Fotos: Arquivo pessoal e Nilzete Franco/FolhaBV)

A Justiça Federal aceitou a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra Bruno Mendes de Jesus, preso desde agosto por transportar 103 quilos de ouro enquanto passava pela rodovia federal BR-401, em Boa Vista.

A apreensão foi a maior da história da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Caso condenado por usurpação de bem da União, lavagem de dinheiro e associação criminosa, o empresário pode receber pena que pode chegar a 18 anos de prisão.

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De acordo com o MPF, o suspeito não possuía documento ou autorização legal sobre a carga, de propriedade da União. A suspeita é de que o material seja oriundo de garimpos ilegais situados em áreas de proteção ambiental e terras indígenas.

O órgão ministerial garantiu que as investigações continuam e que outras pessoas envolvidas na cadeia de transporte e comercialização do ouro podem ser responsabilizadas.

Relembre o caso

A PRF prendeu o empresário em 5 de agosto com a carga avaliada em aproximadamente R$ 60 milhões. À corporação, Bruno disse que viajava com a esposa e um filho recém-nascido e afirmou que vinha de Manaus para fiscalizar uma obra.

No entanto, ele não soube informar o nome da empresa ou o endereço do serviço. O nervosismo e as contradições chamaram a atenção dos agentes, que decidiram realizar uma busca mais minuciosa no veículo.

Sem ferramentas adequadas para desmontar o painel, a PRF conduziu o carro até a sede da corporação, onde descobriu um fundo falso atrás do kit multimídia. No compartimento oculto estavam 145 barras grandes e 60 pequenas de ouro, totalizando mais de 100 quilos do metal precioso.

Bruno foi algemado no momento da prisão devido ao risco de fuga, mas, após colaborar, teve as algemas retiradas. Os advogados acompanharam todo o procedimento na sede da PRF.

O suspeito foi entregue à Superintendência da Polícia Federal (PF). A prisão em flagrante de Bruno foi convertida em preventiva. Ele teve ao menos três pedidos de soltura indeferidos por instâncias maiores como o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Na época, a defesa de Bruno Mendes chegou a defendê-lo publicamente como “trabalhador” e por atuar em um setor “socialmente marginalizado, mas não criminoso por essência”, além de ser pai de uma criança e único responsável pelo sustento da família.