R.S, de 26 anos, presa por ser a principal suspeita de matar a própria filha, a bebê Melinda Sofia Santos, de dois meses, já apresentava um histórico de maus-tratos e abandono contra a bebê, segundo relatos de uma testemunha ouvida pela FolhaBV, que acompanhava a rotina da família desde o nascimento da criança.
De acordo com a testemunha, os episódios de negligência começaram quando a bebê tinha apenas 18 dias de vida. “Com 18 dias ela foi na porta da minha casa, deixou a bebê lá e saiu. Foi buscar só às sete horas da manhã. Eu liguei pro Conselho Tutelar e pra Polícia Militar, mas ninguém apareceu”, contou a mulher que preferiu não se identificar.
A moradora afirma que chegou a registrar uma denúncia formal na delegacia, após a mulher repetir o comportamento poucos dias depois. “Com 21 dias, ela voltou lá em casa. Eu chamei a polícia e, nesse dia, houve agressão entre eu e ela. A gente foi pra Delegacia da Mulher. Lá, ela se ajoelhou e disse que não era pra chamar a polícia, que iam tomar o filho dela”, relatou.
A vizinha contou ainda que a própria Polícia Militar denunciou a suspeita por maus-tratos. “Ela deixava a bebê em bar pra eu pegar. Tudo o que eu tô falando tem prova. Isso vem acontecendo desde que a criança nasceu”, afirmou.
A mulher pode responder por homicídio qualificado e maus-tratos.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil e aguarda retorno.
A reportagem também procurou o Conselho Tutelar que confirmou que no dia 18 de setembro recebeu denúncia de que a criança havia sido deixada na frente da residência do genitor dentro de um bebê conforto. Confira a nota completa:
Nota à Folha de Boa Vista – Conselho Tutelar de Boa Vista/TT III
Informamos que no dia 18 de setembro do corrente ano, o Conselho Tutelar de Boa Vista/TT III recebeu denúncia informando que a genitora de uma criança de 21 dias, supostamente sob efeito de álcool, teria deixado a referida criança na frente da residência do genitor, dentro de uma cadeirinha.
Diante do relato, e considerando que a criança se encontrava sob os cuidados do pai, sem risco imediato à sua integridade, o denunciante foi orientado a registrar Boletim de Ocorrência, conforme previsto no art. 13 do ECA, que estabelece a obrigatoriedade de comunicação de casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos.
O conselheiro de plantão realizou diligências no endereço da genitora, porém, por se tratar de uma vila, não obteve sucesso nas tentativas de contato presencial e telefônico, o que impossibilitou a adoção de outras medidas protetivas, conforme preconiza o art. 136, incisos I e II do ECA.
O Conselho permanece atento ao caso e se mantém à disposição para novos encaminhamentos, garantindo a proteção integral da criança, conforme o art. 1º do ECA.
Att Conselho tutelar de Boa Vista, Território III