A líder opositora venezuelana María Corina Machado, de 58 anos, foi anunciada nesta sexta-feira (10) como vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025. O Comitê Norueguês considerou seu “incansável trabalho pela promoção dos direitos democráticos do povo venezuelano”.
Ela é a segunda pessoa venezuelana a ganhar um Nobel – o primeiro foi o venezuelano-estadunidense Baruj Benacerraf, vencedor da categoria Fisiologia ou Medicina em 1980. María Corina se surpreendeu com o anúncio.
“Me sinto muito honrada, humilde e grata em nome do povo venezuelano. Ainda não chegamos lá, mas estamos trabalhando muito duro para conseguir isso [democracia], mas tenho certeza de que venceremos. E esse é certamente o maior reconhecimento ao nosso povo”, declarou em ligação com o secretário do comitê do Nobel, Christian Bat Pacin.
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No caso de María, o comitê destacou o papel dela como símbolo de coragem civil na América Latina e por sua defesa de uma “transição pacífica” da ditadura de Nicolás Maduro para a democracia.
O comunicado afirma que a engenheira e política tem sido uma figura unificadora em um país marcado pela repressão política, pela crise humanitária e pela perseguição de opositores.
A instituição norueguesa ressaltou que a oposição venezuelana, liderada por ela, demonstrou “inovação e bravura” ao mobilizar centenas de milhares de cidadãos nas eleições de 2024, mesmo diante de ameaças, prisões e censura. Segundo o comitê, “Machado mostrou que as ferramentas da democracia também são as ferramentas da paz”, mantendo-se no País mesmo sob risco de morte.
Para o comitê do Nobel, em um mundo de retrocessos democráticos e regimes autoritários em ascensão, reconhecer líderes como María Corina Machado é “essencial para lembrar que a liberdade nunca deve ser dada como certa”. O colegiado disse, ainda, que a venezuelana “encarna a esperança de um futuro diferente, em que os cidadãos sejam livres para viver em paz”.
Quem é María Corina Machado
María Corina Machado nasceu em 7 de outubro de 1967, em Caracas, capital da Venezuela. É engenheira industrial formada pela Universidade Católica Andrés Bello, com especialização em finanças pelo Iesa e estudos em políticas públicas na Universidade de Yale (Estados Unidos).
É fundadora da organização Súmate, voltada à promoção da transparência eleitoral, e ganhou projeção nacional ao defender eleições livres e fiscalizar o referendo revogatório contra Hugo Chávez em 2004. Deputada eleita em 2010, foi cassada e inabilitada politicamente após desafiar o regime chavista.
Hoje, como líder do partido Vente Venezuela, defende o livre mercado, o Estado limitado e os direitos humanos. Mesmo proibida de concorrer às eleições de 2024, apoiou o candidato Edmundo González Urrutia e uniu diferentes correntes da oposição – movimento que, segundo o comitê, inspirou milhões de venezuelanos.
