Falar parece algo simples, mas para algumas pessoas, especialmente crianças, a fala pode ser bloqueada por uma intensa ansiedade. Esse é o caso de quem vive com mutismo seletivo, um transtorno de ansiedade caracterizado pela incapacidade de falar em certas situações sociais, mesmo que a pessoa consiga se comunicar normalmente em outros contextos.
O que é mutismo seletivo
De acordo com especialistas em saúde mental, o mutismo seletivo não é uma escolha ou um sinal de rebeldia. A pessoa quer falar, mas a ansiedade é tão forte que a voz simplesmente não sai. Em casa, com familiares próximos, a comunicação costuma ser fluida; já na escola, no trabalho ou em ambientes públicos, o silêncio se impõe.
O transtorno geralmente aparece na infância, por volta dos 3 a 8 anos de idade, e é mais comum em meninas. Quando não tratado, pode se prolongar até a adolescência e a vida adulta.
Sintomas mais comuns
Os principais sinais incluem:
Falar normalmente em alguns contextos e permanecer em silêncio em outros;
Evitar contato visual ou interações sociais;
Rigidez corporal e expressão facial tensa quando solicitado a falar;
Ansiedade intensa diante de situações em que se espera comunicação verbal.
Em muitos casos, o mutismo seletivo é confundido com timidez extrema, mas a diferença é que o mutismo é um bloqueio involuntário, não uma simples preferência por ficar em silêncio.
Tratamento e acompanhamento
O tratamento do mutismo seletivo é multidisciplinar. Envolve psicólogos, fonoaudiólogos, pais e professores. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes, ajudando o paciente a reduzir a ansiedade e a se expor gradualmente às situações que provocam o bloqueio da fala.
Em alguns casos, o uso de medicação ansiolítica ou antidepressiva, sob orientação psiquiátrica, pode complementar o tratamento. O apoio do ambiente escolar e familiar é essencial para evitar pressão e incentivar a autoconfiança.
Famosos que falaram sobre o mutismo seletivo
Apesar de pouco conhecido, o mutismo seletivo já foi discutido por algumas figuras públicas.
Greta Thunberg, ativista sueca e símbolo da luta contra as mudanças climáticas, revelou que foi diagnosticada com síndrome de Asperger, TOC e mutismo seletivo. Ela mesma descreveu a condição dizendo que “fala apenas quando é realmente necessário”.
Outro caso amplamente citado é o de Carly Ryan, uma ativista australiana que também relatou experiências de mutismo seletivo durante a infância, antes de se tornar porta-voz da saúde mental.
Esses exemplos mostram que o transtorno não impede uma vida plena — com tratamento e apoio, é possível superar o bloqueio e encontrar a própria voz.
Quando procurar ajuda
Especialistas recomendam procurar um psicólogo ou psiquiatra quando a criança ou adolescente demonstra silêncio persistente em ambientes sociais, especialmente se isso interfere no desempenho escolar e nas relações pessoais.
O diagnóstico precoce faz toda a diferença: quanto mais cedo o tratamento começa, maiores são as chances de recuperação completa.