O número de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil em Roraima mais que dobrou em 2024, segundo o Diagnóstico Ligeiro do Trabalho Infantil – Brasil, elaborado com base nos dados da PNAD Contínua 2024 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O documento revela que o estado registrou 4.766 menores de 5 a 17 anos em atividades laborais, um aumento de 120% em relação a 2023, quando haviam sido identificados 2.166 casos. Trata-se do maior crescimento proporcional do país, muito acima da média nacional, que registrou alta de apenas 2,1% no mesmo período.
Apesar do avanço expressivo, a taxa de trabalho infantil em Roraima (3,2%) permanece ligeiramente abaixo da média nacional, de 4,3%. Ainda assim, o relatório classifica o aumento como preocupante, destacando que o fenômeno tem se expandido rapidamente em estados da região Norte, sobretudo em áreas com alta vulnerabilidade social.
O diagnóstico também chama atenção para o crescimento das piores formas de trabalho infantil, atividades que comprometem o desenvolvimento físico, mental ou moral das crianças, conforme a Lista TIP (Decreto 6.481/2008). Em Roraima, o número de menores envolvidos nessas condições saltou de 354 em 2023 para 1.503 em 2024, um crescimento de 324,6%, o maior do país. Enquanto o total nacional dessas situações diminuiu 5,1%, Roraima apresentou a tendência oposta, indicando fragilidade nas ações de prevenção e proteção social.
Os dados do IBGE, utilizados pelo relatório do Ministério do Trabalho e Emprego, mostram ainda que, embora Roraima ocupe o 26º lugar no ranking absoluto de casos, ficando à frente apenas do Amapá, o crescimento proporcional evidencia um agravamento estrutural.
O documento aponta ainda que as desigualdades regionais, a informalidade e a falta de acesso a políticas públicas estão entre os principais fatores que impulsionam o problema.
De acordo com o Diagnóstico Ligeiro, o aumento observado em Roraima reforça a urgência de medidas integradas para conter o avanço do trabalho infantil. O texto recomenda o fortalecimento das ações de fiscalização, o acompanhamento sistemático de famílias em vulnerabilidade e a ampliação de políticas de transferência de renda e inclusão educacional.
O relatório destaca também que a erradicação do trabalho infantil até 2025 é uma meta prevista na Agenda 2030 da ONU, mas alerta que os resultados de 2024 indicam um retrocesso preocupante em várias unidades da federação, especialmente no Norte do país. Em Roraima, o salto de 120% em apenas um ano transforma o estado em um símbolo da urgência por respostas mais eficazes.