Um levantamento recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que, em 2024, turistas que visitaram Roraima gastaram em média R$ 209 por dia, valor abaixo da média nacional, que ficou em R$ 268. O dado faz parte do módulo Turismo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), que monitora o comportamento de viagens de brasileiros e estrangeiros em todo o país.
O estudo revela que, embora o estado esteja inserido em um cenário de recuperação do setor pós-pandemia, ainda enfrenta desafios para ampliar a permanência e os gastos dos visitantes. A maioria das viagens registradas no Brasil continua sendo de curta duração: 62% tiveram até três pernoites. Em Roraima, esse padrão se reflete diretamente no gasto médio diário mais baixo.
Outro fator que ajuda a explicar os números é o perfil do viajante. Segundo a pesquisa, 40,7% dos brasileiros se hospedam em casas de parentes ou amigos, reduzindo despesas com hospedagem. No caso de estados como Roraima, onde muitas viagens têm caráter intrarregional (79,2% dos deslocamentos no Norte tiveram a própria região como destino) esse comportamento tende a ser ainda mais frequente.
A análise também aponta que o transporte influencia nos custos. O carro particular foi o meio mais usado nas viagens nacionais (50,7%), seguido pelo avião (14,7%). No Norte, a distância entre capitais e cidades turísticas, combinada à oferta limitada de voos, pode encarecer o acesso, mas não necessariamente se reflete em maiores gastos durante a estadia.
Apesar disso, o turismo no Brasil movimentou R$ 22,8 bilhões em 2024, com crescimento de 11,7% em relação a 2023. A região Centro-Oeste registrou os maiores gastos médios, enquanto o Norte, incluindo Roraima, ficou entre os menores índices.
Especialistas avaliam que o dado deve ser visto como oportunidade. Ao investir em infraestrutura, qualificação de serviços e diversificação de roteiros, Roraima pode não apenas atrair mais visitantes de outras regiões, mas também estimular que eles permaneçam mais tempo e gastem mais.
O relatório do IBGE conclui que existe uma demanda reprimida no turismo doméstico, resultado da pandemia, e que estados com potencial natural e cultural ainda pouco explorado, como Roraima, podem se beneficiar se adotarem políticas públicas e estratégias privadas de fortalecimento do setor.